No próximo final de semana, Caxias do Sul se tornará a capital mundial dos Jogos Surdolímpicos. A 24ª edição da Deaflympics será realizada entre os dias 1º e 15 de maio. Serão 79 países e mais de 5 mil participantes na Serra Gaúcha.
O Time Brasil será composto por 237 pessoas, sendo 199 surdoatletas. O Rio Grande do Sul terá 45 gaúchos competindo em busca das medalhas de ouro, prata e bronze, sendo seis de Caxias do Sul. A cidade contará ainda com outros profissionais nas comissões técnicas, como o treinador da seleção brasileira de badminton, Noeslem Lima.
A seleção feminina estará nesta semana participando da segunda etapa do Campeonato Brasileiro em Joinville. Logo na sequência, as quatro convocadas se deslocam para Caxias do Sul. No dia 1º, a equipe começa nos treinos. O primeiro jogo da fase classificatória está marcado para o dia seguinte.
— Nós temos uma expectativa muito interessante na simples feminina e na dupla feminina. A Ucrânia tem uma atleta muito boa, que eliminou a Geisa (atleta do Brasil) no Mundial Juvenil. A China não está vindo com seu time A surdo, isso nos deixa um pouco esperançosos. Os indianos são muito fortes no badminton. Temos duas atletas, uma da Indonésia e outra da Tailândia, que competem o circuito mundial de ouvintes, pois têm uma porcentagem baixa de audição — explica o treinador.
Serão 16 medalhas de ouro em jogo, além das de prata e bronze. Dinâmico, o esporte é praticado no individual ou em duplas. Os atletas usam raquetes e a quadra é separada por uma rede. Diferente do tênis, a bola é substituída por uma peteca própria para o badminton.
O chaveamento da competição será conhecido no sábado (30). Para o treinador, a possibilidade de medalhas para o Brasil aumenta se conseguir fugir das surdoatletas asiáticas. Lima elenca duas jogadores com potencial pelo Brasil: Renata Faustino da Silva e Geisa Vieira de Oliveira.
— Se a gente tiver um cruzamento fugindo das asiáticas até as quartas de finais, temos uma possibilidade maior de medalhas. A Renata figura entre as oito melhores ouvintes do país. É a melhor surda do Brasil e a Geisa é a jovem revelação que já competiu na Surdolimpíada da Turquia, caiu nas quartas de final do mundial em 2018. Então, temos uma química muito boa entre as meninas. Os meninos vêm com um pouco menos de experiência — comentou o treinador da Seleção Brasileira de Badminton.
SUPERAÇÃO
Com a pandemia, a seleção de badminton teve que se adaptar também. O treinador lamenta a quebra de ciclo olímpico, mas reforça que a Renata Faustino seguiu treinando no Rio de Janeiro. Segundo o treinador, a atleta escuta um pouco e consegue ler lábios, mas não compreende libras.
— Ela não sabe libras por toda a história de vida dela. Ela nasceu tudo bem, mas foi jogada no lixo pela mãe biológica dela. Ela teve um problema sério e foi achada pelo atual técnico de badminton dela, que ajudou a cuidar ela — relatou Noeslem Lima.
A comunicação não chega a ser uma barreira muito grande para o treinador. Ele afirma que o jogo é falado muito por gestos. Ele chegou a passar por um curso. Algumas estratégias também ajudam, como bater o pé no chão.
— A única questão é a sinalética, que utiliza muito as mãos. São sinais orientando. Tivemos um curso de sinalética. Mas quando atleta está de costas, a gente bate com pé no chão para ela sentir a vibração. É um jogo muito visual. O jogo em si não tem diferença — expressa o treinador.
Indo para sua primeira Surdolimpíadas, o treinador revela que se colocar no lugar dos surdos foi importante para compreender as adversidades. Ele explica que existe uma dificuldade motora para quem pratica o esporte surdo.
— Para uma pessoa que escuta aprender a jogar é difícil, para o surdo é mais. O badminton exige muito equilibro. Um dos primeiros comprometimentos que o surdo tem é o equilíbrio pelo labirinto. Quando troca para o lado não dominante do corpo, tem que mudar o teu eixo, ter um equilíbrio maior para chegar na peteca. O espaço temporada de uma pessoa surda é muito maior que um ouvinte. Então são coisas que precisa adaptar — detalhou o treinador da seleção.
Noeslem Lima está indo para sua primeira Surdolimpíada. Depois dos Jogos, o planejamento segue. A seleção terá o Campeonato Brasileiro em julho na cidade de Fortaleza, competição que servirá como observação para o Pan-Americano e o Mundial em Belo Horizonte-MG.
BADMINTON MASCULINO
Cauã Tadeu Ferreira da Silva
Gabriel Hovelacque de Faria
BADMINTON FEMININO
Geisa Vieira de Oliveira
Amanda Ferreira Sanches
Renata Faustino da Silva
Cynthia Quirino Silva
Comissão técnica Mas/Fem
Noeslem Francisco Rodrigues Lima
Rafael Martins Lajusticia
Alessandra Da Costa dos Santos
Natália Casagrande