A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é um tema recente no cenário nacional. A Lei 14.193/2021 foi promulgada em 6 de agosto do ano passado. Na prática, permite os clubes de futebol serem transformados em empresas. Para os times endividados é uma salvação ou a única saída. No entanto, para outros é um terreno que necessita ser melhor explorado antes de se aventurar.
O Juventude está no grupo que observa atentamente até onde pode pisar sem cair nas armadilhas de uma área desconhecida. Em entrevista coletiva após encontro com a imprensa, o presidente Walter Dal Zotto Jr. admitiu muitas especulações, mas o clube não teve propostas para virar uma SAF.
— Proposta não, existem muitas especulações. Uma coisa que temos muita certeza é que existem mais investidores do que clubes. O Juventude é um clube que seria interessante para qualquer investidor vir aqui, principalmente, porque chegariam em uma situação diferente de outras SAF's. Quem vier não vai pagar contas, mas virá para investir. Temos que nos debruçar internamente para encontrarmos qual o nosso limite, o que Juventude quer e pensa — explicou o presidente alviverde.
O mandatário do Juventude argumentou que existem vários tipos de parcerias que podem ser exploradas, como sem envolver patrimônio. Outra possibilidade seria começar pelas categorias de base ou envolver somente o departamento de futebol.
— São várias questões para definir e buscar o parceiro ideal para nossas expectativas futuras. Não é um investidor que venha com muito dinheiro e depois se arrependa e o clube fique à deriva. Um trabalho a quatro mãos que possa dar resultado — ponderou Walter Dal Zotto Jr.
ATENTO AOS MOVIMENTOS
O Cruzeiro foi o primeiro a entrar no time da SAF, mas toda semana surgem notícias de que a compra de Ronaldo pode recuar. Esses movimentos são acompanhados de perto pelo Juventude. Vasco e Botafogo também têm seus processos bem adiantados. A Estrela Solitária tem o americano John Textor como sócio majoritário com 80% das ações da SAF. Já o time Cruz-maltino, finaliza o processo de venda à empresa 777 Partners, que deterá 70% das ações.
No caso do Papo, o presidente diz que o investidor não viria para quitar dívidas, pois o clube está perto de um equilíbrio financeiro. Dal Zotto adiantou que hoje não seria vantagem para o Ju se transformar em clube-empresa, pois os encargos seriam mais altos.
— O Juventude vai se transformar em SAF se tiver algo relevante que possa trazer à tona essa discussão interna. Hoje, no momento, a SAF seria um ônus para o clube quanto aos encargos, e custo seria maior. Hoje, seria melhor permanecer da forma como está, mas existe um trabalho interno coordenado pelo Conselho de Administração e Conselho Deliberativo de buscar o entendimento do que seria ideal para nós. Semanalmente conversamos com empresas no mercado com investidores. Mas precisamos ter um pouco de tranquilidade. SAF é algo muito prematura ainda e estamos acompanhando a questão do Cruzeiro também. Ainda precisa ter um amadurecimento melhor — pontuou o dirigente.
Por fim, o presidente Walter Dal Zotto Jr. ainda lembrou que todos os clubes que buscaram a transformação viviam um momento financeiro crítico. Ele sinaliza que os times mais saudáveis financeiramente ainda não entraram neste movimento.
— Os clubes que estão equilibrados tu não vê um momento maior em cima disso. Estamos em um trabalho de redução de passivo e conseguimos reduzir em 15 milhões no ano passado. Não estamos com pressa de fazer qualquer movimentação nesse sentido — enfatiza o presidente do Juventude.