Esqueça o dia em que você criticou X, Y e Z no Caxias, que prometeu largar, que pediu "fechem" ou que se arrependeu por ter trocado qualquer compromisso para ir ao Estádio Centenário assistir a um jogo que não terminou como imaginava. Esse momento não é para isto.
Lembre do sentimento da primeira vez que entrou na casa grená, do gol que não sai da memória e de quem fez crescer a paixão por esse clube, tenha acontecido ainda criança ou já adulto. É a hora da virada para o Caxias, com hora e locais certos para acontecerem: neste domingo (17), às 17h30min, no Estádio Frasqueirão, em Natal-RN, contra o ABC.
Se na primeira fase houve dúvida se o time do técnico Rafael Jaques chegaria até esse momento, a decisão por pênaltis contra a "poderosa" Portuguesa fez ressurgir a esperança de que o sonho não seria abreviado precocemente em 2021. Agora, são pouco mais de 90 minutos para que o grito entalado, sufocado e angustiado saia traduzindo a alegria de um acesso nacional inédito.
Depois de bater na trave em duas oportunidades e de não chegar ao mata-mata do acesso em outras duas vezes, a pressão por subir para a Série C cresce ano após ano. Mas, quando a bola rolar em Natal, até esse histórico será esquecido e o grupo grená vai em busca de um feito inédito para o clube.
— A pressão, quem tá no futebol, independente da circunstância ou da história do clube, tem todo o jogo. A gente carrega isso no dia a dia, porque se ganha uma partida e tem que buscar a vitória na outra. Fazer parte de um grupo onde podemos entrar para a história é muito importante. É muito bom, não só para as nossas carreiras, mas para a história do clube — afirmou Rafael Jaques, que já viveu a experiência do acesso com o São José-PoA, e tenta repetir a dose com o Caxias.
No jogo em casa, no domingo passado (10), o Caxias não conseguiu furar a defesa do ABC e parou na forte catimba do time potiguar, que saiu festejando o 0 a 0 no Centenário. O retrospecto do rival na Série D mostra que, nas duas fases anteriores, o time de Natal empatou como visitante e garantiu a classificação em casa.
Como o confronto está em igualdade até aqui, quem vencer no Frasqueirão garante um lugar na semifinal da Série D e uma posição entre os 60 melhores times do Brasil. Por isso, até o retrospecto do ABC precisa ser esquecido antes de uma decisão como essa, para não ser mais um peso na equipe grená.
Ainda assim, Rafael Jaques entende que o rival construiu uma pequena vantagem nesse momento:
— Como não conquistamos nossa vitória no fator local, considero que o favoritismo, se ele existe, passa a ser do mandante, que é o ABC, por jogar na sua casa e diante do seu torcedor, onde tem um aproveitamento muito bom. Se tivéssemos feito nossa vitória em casa, poderia estar um pouco diferente, mas não fizemos. Agora, mesmo sem o gol qualificado, temos a consciência que vai ser um jogo bem difícil, mas temos a consciência de que estamos cada vez mais fortes, mais maduros e prontos para essa circunstância que se avizinha.
O relógio vai demorar a passar para o torcedor grená neste fim de semana. As 17 primeiras horas do domingo vão parecer o mês de agosto inteiro. Depois, é esquecer o que passou até aqui e focar em campo, e naquilo que os 11 escolhidos de Jaques vão apresentar em campo. Não será só um acesso e nem só uma história, é uma retomada que já passou da hora de acontecer. Mas, por enquanto, esqueça isso também e acredite que a Série C será realidade.