Principal jogador do Juventude na vitória por 3 a 0 sobre o Santos, na última rodada do Campeonato Brasileiro, o meio-campista Guilherme Castilho caiu nas graças dos Jaconeros com as suas mais recentes atuações, acumulando gols e assistências com a camisa alviverde. Emprestado pelo Atlético-MG até o final de 2021, ele chamou a atenção dos dirigentes ainda quando atuava pelo Confiança, na Série B. No confronto contra o Ju, foi o destaque dos sergipanos, principalmente em cobranças de faltas e escanteios.
De olho no potencial do jogador de apenas 22 anos, o Galo garantiu a extensão de seu vínculo até 2024 - assim como o zagueiro Vitor Mendes - e o emprestou ao Ju com a possibilidade de atuar com mais regularidade. Agora, já é comentada uma possível volta dos dois a Belo Horizonte para 2022. Porém, Castilho garante estar concentrado no Verdão.
— Eu sou muito focado e não dou bola para algumas notícias. Ninguém me comunicou nada e só penso no Juventude, com quem tenho contrato até o final do ano. O futuro a Deus pertence — explica o meio-campista.
Antes de encarar a sua realidade atual, que é vestindo a camisa do Juventude em Caxias do Sul, Guilherme Castilho rodou o país em busca de realizar seu sonho de ser jogador. Natural de Arapoema-TO, mudou-se muito cedo para o interior do Pará, um lugar tão afastado que, segundo ele, não tinha asfalto e sinal de internet. Mais velho, retornou ao Tocantins para jogar futebol através do ex-atleta Tiba, com passagens por Vasco, Portuguesa e Corinthians, nos anos 1990. O atacante também vestiu a camisa do Ju em 2000, na disputa da Copa Libertadores da América.
Tiba, amigo do tio de Castilho, o ajudou a se desenvolver no futebol na região Norte do país, até surgir a oportunidade de atuar pelo Mirassol, no interior de São Paulo, aos 17 anos, em 2016. No ano seguinte, ele foi um dos destaques da equipe paulista na Copa São Paulo de Futebol Júnior e efetivado no elenco profissional meses depois, na disputa do Paulistão. O passo seguinte foi viajar para Minas Gerais, compor as categorias de base do Atlético Mineiro e ser agenciado pelo luso-brasileiro Deco, ex-meia do Barcelona e do Chelsea.
— Tenho um tio que sempre gostou de jogar futebol e quis realizar o sonho dele em mim. Não mediu esforços para me apoiar e hoje estamos colhendo — revela.
Desenvolvimento na Série A
Castilho aproveita o bom momento pelo Juventude, atuando na linha mais ofensiva do meio-campo, seja como meia-armador ou na ponta, com a consciência de que o futebol é dinâmico e rapidamente o cenário pode mudar. Após grandes vitórias, como a do último domingo diante do Santos, os louros. Ou também críticas, como o grupo vinha recebendo após a sequência de seis jogos sem vencer no Brasileirão.
— O futebol ficou muito dinâmico e você fazer mais de uma função é importante. Eu estou tendo mais liberdade, jogando mais próximo do gol, fazendo gols e dando assistências. E o professor Marquinhos nos dá liberdade para chegar na área, felizmente está dando certo. Contra o Corinthians, tomamos um gol no final, que não era para ter tomado. Mas ficamos com a cabeça boa, pois sabíamos que iríamos colher bons resultados — diz o meia do Papo, que reconhece a sua evolução individual através do suporte da comissão técnica:
— Eu nunca fui de tomar cartões. Na Série B do ano passado, joguei 24 jogos e tomei seis cartões, mas dois porque forcei, pois precisava descansar. Procurei assistir alguns jogos e ver o que eu estava fazendo de errado. O Marquinhos, a comissão técnica e a diretoria me deram um puxão de orelha no bom sentido, com todo mundo me acolhendo, e aprendi.
A cobrança por cartões que Guilherme Castilho se refere tem a ver com as expulsões que ocorreram no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, contra Ceará e Inter, em lances que poderiam ser evitados e acabaram colaborando para o resultado negativo do Ju. Naquele momento, ele atuava na primeira linha do meio-campo, com maiores compromissos com a marcação. Chegadas duras também ocorriam nos treinos, fazendo com que o atleta confundisse empenho e dedicação com disputas de bola com agressividade ou reclamações exaltadas com arbitragem.
— Eles (comissão técnica) me mostraram o caminho certo, falando para ter calma na abordagem dos juízes. Na Série A, os jogadores são mais malandros. Tanto que na primeira expulsão, eu nem fiz falta para ser expulso, mas o Vina colocou a mão na cara quando caiu — afirma Castilho.
Em 32 jogos pelo Juventude, Castilho foi titular em 28 oportunidades. As exceções foram nos dois primeiros jogos, quando ainda estava se adaptando ao novo elenco, na eliminação na Copa do Brasil para o Vila Nova, após ter se lesionado no clássico Ca-Ju, e contra o Red Bull Bragantino, justamente após ter cumprido suspensão pela expulsão no Beira-Rio. Nesses jogos, ele entrou no segundo tempo. Também é perceptível que em raras oportunidades ele foi substituído antes dos minutos finais, mostrando estar bem condicionado fisicamente.
— O futebol exige muito da parte física, então eu penso em estar sempre bem. Por isso eu faço o trabalho passado pela comissão técnica, com o professor Gian, e também um complementar, pois às vezes não dá para fazer tudo no clube. Tento me alimentar e descansar bem, não sou de perder o sono. Daqui a pouco vamos ter uma sequência maior de jogos, então preciso estar preparado — comenta o Castilho, demonstrando sua disposição por atuar ao lado dos torcedores do Juventude no Estádio Alfredo Jaconi:
— Eu estou bastante ansioso, pois pesquisei que a torcida do Juventude gosta muito de ir no estádio. Então espero que estejam todos lá no dia 9, contra o América-MG. É meu segundo ano como profissional, então nunca joguei com muita torcida. Pra mim não vai mudar muito, pois procuro sempre estar focado em campo. Mas claro que a presença deles vai ser um combustível importante para nossa sequência.
Antes de reencontrar os seus torcedores na 25ª rodada, contra o América-MG, o Papo tem dois compromissos pelo Brasileirão contra Palmeiras e Sport, fora de casa. O duelo contra os paulistas ocorre no domingo (2), às 18h15min, no Allianz Parque.