O sonho do hexacampeonato mundial para a Seleção Brasileira de futebol também é uma realidade para o país no futsal. A edição de 2021– adiada de 2020 – da Copa do Mundo da modalidade será disputada na Lituânia, entre 12 de setembro e 3 de outubro, com a grande chance do técnico Marquinhos Xavier alcançar seu principal objetivo no comando da equipe. Catarinense erradicado na Serra Gaúcha, o treinador sabe da importância deste momento.
No mês passado, em uma visita a um projeto social em Antônio Prado, Marquinhos Xavier falou ao Pioneiro sobre os desafios da temporada, a mudança de características do time após a aposentadoria de Falcão e os principais rivais do Mundial.
Novo momento
Desde que deixou a ACBF, em 2019, o treinador teve a chance de se concentrar mais na seleção. Apesar do período de sete meses treinando o Sharjah, dos Emirados Árabes, no ano passado, o foco do treinador para o Mundial se intensificou. Sem o trabalho do dia a dia, a rotina do técnico também mudou.
– Esse desvinculo de clube me permitiu ficar um pouco mais atento à Seleção Brasileira, conseguir encaminhar alguns trabalhos que a gente tinha, principalmente o de monitoramento. Tivemos que ajustar, porque são muitos atletas e o staff para fazer isso não é muito grande – avaliou Marquinhos, que ainda admitiu o problema desse período:
– O lado negativo é sair da quadra. A função de treinador de seleção é meio solitária. Você só dá treino quando tem uma convocação. Como elas são muito espaçadas, você fica muito tempo fora da quadra e isso não é bom para um treinador, né? Isso eu senti falta.
Preparação
Apesar do adiamento de um ano da competição, o período de preparação propriamente dito não foi tão maior. As restrições que o período de pandemia impôs dificultaram a sequência.
– Isso não foi uma particularidade do Brasil. Todas as seleções sofreram bastante, mesmo com o Mundial adiado. Tivemos dificuldade de convocação, perdemos algumas datas desse ano. Em janeiro, março e abril, três datas Fifa que nós tínhamos e que eram importantes, a gente acabou não podendo convocar em função da nossa geografia. O que a gente tem feito é focar nessa preparação final– destacou o técnico, explicando a sequência que terá pela frente:
– Temos um ciclo de preparação previsto para iniciar no dia 10 de agosto, no Rio de Janeiro. Depois, a partir do dia 25, mais um ciclo na Polônia. Esse teria mais 10 dias, e depois na Lituânia. Estão previstos quatro amistosos, três na Polônia e um na Lituânia. E é onde a gente aposta que, realmente, consiga fazer um trabalho de preparação para o Mundial.
Novo líder
O Mundial da Lituânia também marcará o início de uma nova fase na Seleção. Depois de períodos com Vander, Manoel Tobias, Fininho e, mais recentemente, Falcão, o time brasileiro não terá uma grande referência técnica. A liderança da equipe muda de característica.
– A gente teve uma necessidade de fazer uma mudança radical. O líder sempre foi pautado dentro da Seleção como um craque, aquele que é artilheiro, que faz uma jogada mais plástica. Hoje, o capitão é o Rodrigo, do Magnus (fixo, ex-ACBF), muito importante nesse processo, principalmente de liderança com os atletas. Essa postura dele fora de quadra, como ele agrega juntamente com os demais companheiros. Mas não é um perfil de um jogador de ataque. Embora seja o artilheiro nas ligas no Brasil, é de uma posição diferente – diz Marquinhos.
Os rivais
Na Copa do Mundo, o Brasil estará no grupo D, junto com Panamá, República Tcheca e Lituânia. Para o treinador brasileiro, além dos adversários tradicionais, a competição pode trazer surpresas:
– A gente sempre roda naquele ciclo que todo mundo já conhece. Portugal, Espanha e Rússia são três adversários fortes. A atual campeã mundial é a Argentina, então é um outro time que vai chegar muito preparado para a disputa. Apontaria também algumas equipes, como por exemplo o Cazaquistão, que vai chegar muito forte, tem o melhor goleiro do mundo, quatro brasileiros naturalizados, tem tudo para fazer um grande mundial.
Será um momento importante para o futsal brasileiro. E para Marquinhos Xavier, a chance de levar o país ao tão sonhado hexacampeon