A temporada 2020/2021 foi de retorno para o KTO/Caxias do Sul Basquete. De volta à disputa do Novo Basquete Brasil (NBB), após dois anos afastado, o time gaúcho sofreu no começo da competição, mas conseguiu chegar mais uma vez aos playoffs. Com um cenário completamente atípico por conta da pandemia, muitas coisas precisaram ser adaptadas e as dificuldades foram imensas.
Além da ausência dos jogos no Ginásio do Vascão, foram 32 partidas fora do Rio Grande do Sul. Ao todo, o time acumulou 91 dias em viagem (entre deslocamento e estadia em hotéis). A cada período, também vieram os testes para a covid-19. Em 40 baterias realizadas com o time, nenhum jogador apresentou resultado positivo para o coronavírus.
Após a eliminação para o Bauru, o pensamento todo se volta para a confirmação da participação do time na temporada 2021/2022. Além das garantias financeiras, também há a expectativa da formação de um time para por resultados ainda mais expressivos.
Pioneiro/GZH conversou com o técnico e gestor do KTO/Caxias Basquete, Rodrigo Barbosa, para uma avaliação da temporada que passou e em uma projeção para o futuro do time.
Pioneiro/GZH: Qual avaliação desse retorno?
Rodrigo Barbosa: Pensando como projeto, era um ano em que tínhamos a intenção de voltar a competir. Esse era o foco. Tanto é que nosso olhar era pra isso, não era nem jogador, nem como é que nós vamos montar o time, mas garantir a vaga e ter condições de jogar. E conseguimos fazer, apesar de ter sido aos quarenta e cinco do segundo tempo, porque foi no último dia em que ele ia permitir a confirmação. A partir dali, trabalhamos dentro da nossa estrutura, não muito diferente do que a gente fazia em outros anos. Conseguimos fazer isso com sucesso, porque dois anos sem participar, tem que montar uma equipe, fazer toda a estrutura voltar a funcionar. E aí, depois, buscar desempenho. Acho que se analisar de uma forma geral, foi positiva em função de que estávamos parados, teve que sair do zero e voltar para uma competição forte como foi o NBB.
Pioneiro/GZH: Faltaram opções para uma rotação maior dos jogadores em quadra, já que o time ficou basicamente com sete ou oito atletas para isso?
RB: A ideia inicial é de que pudesse ter 10 jogadores rodando, para que pudesse manter um nível de trabalho. A experiência nos primeiros jogos nos mostrou que não, que infelizmente não teríamos essa facilidade de um rodízio em igualdade, que precisaríamos ter alguns mais tempo na quadra, outros menos. É normal em qualquer time, não é nada de diferente, mas isso também gera um desgaste maior para esses jogadores que têm que atuar mais tempo. Até também em função de alguns terem um pouco mais de idade, e nossos jogadores mais velhos fisicamente perfeitos, se cuidando, mas isso modificou um pouco, porque montamos o time pensando um tipo de rodagem e a prática nos mostrou que tínhamos que fazer uma adaptação.
Pioneiro/GZH: Esperas mais tranquilidade para confirmar as condições financeiras para a participação na próxima temporada do que foi em outros anos?
RB: Se confirmar aquilo que estamos imaginando, ou seja, projeto de lei, a renovação dos patrocinadores, essas coisas que estão acontecendo agora no mês de maio, talvez até metade de junho, aí vai nos dar uma tranquilidade pra poder entender que vamos jogar o próximo NBB e de que forma vamos fazer e a partir de quando. Claro que isso passa nesse primeiro momento pela KTO, que é a nossa patrocinadora máster. Já estamos conversando e, provavelmente, no início do mês agora devemos confirmar isso ou não. A expectativa é que sim.
Pioneiro/GZH: O que representou chegar nos playoffs neste ano de retorno?
RB: Chegar nos playoffs sempre é o desejo quando tu vai jogar, todos os anos fizemos isso. Só que nunca se projetou, vamos chegar em quinto, sexto, oitavo, décimo primeiro. Queremos jogar o playoff. Do jeito que foi a primeira parte do campeonato, em 2020, em que nós tivemos o primeiro jogo com vitória e depois uma sequência de onze derrotas, é extremamente difícil de conseguir dar a volta. E esse time fez exatamente o contrário. Ele conseguiu ir lá no fundo porque as vitórias não vinham, mas continuava trabalhando. E daqui a pouco começou a crescer muito em 2021. Não tem um jogo, diga que nós não fizemos frente. Muitos dos que nós não ganhamos, tivemos o jogo na mão pra ganhar. Na minha percepção, não fomos mais longe porque pagamos o preço da primeira parte, em que fomos mal. Se a gente faz um campeonato médio pra mais, teria uma outra classificação e aí num playoff, jogando basquete como jogamos nesse nesses últimos jogos, talvez tivesse passado para outra fase.
Pioneiro/GZH: O quanto a falta do Vascão pesou durante o NBB? E a rotina diferente da temporada influenciou como?
RB: Primeiro, quem viu um jogo de basquete aqui no Vascão, tudo que se vivenciou aqui, sabe que qualquer time que vier jogar aqui teria dificuldade. Isso, numa tabela com jogos aqui, possivelmente teríamos mais vitórias nos jogos como mandante. Então, isso é um aspecto bem importante que modificou muito. E o segundo é essa questão de, não só não jogar no teu ginásio, mas não estar na tua casa, né? Muito tempo em hotéis, fechado, time mal ou time bem. Era uma rotina de hotel para o ginásio e o contrário. Muitas cidades, muitas vezes, tudo fechado. Às vezes, até no próprio hotel sem poder estar no saguão, com acesso limitado. Quando tu faz com um pequeno período, está bem. Agora, quando tu passa um período grande que nem nós, que ficamos noventa e um dias viajando, é bem complicado no sentido de conseguir lidar com isso.
Pioneiro/GZH: Expectativa de pode jogar em casa na próxima temporada?
RB: Acredito que com as coisas melhorando, que as coisas comecem a voltar. Nós estamos falando em outubro, né? Então, até lá, muita coisa para acontecer, mas imaginamos que vá melhorar e que possamos, daí sim, jogar em casa e tomara que, com o público. Todo mundo que assistiu os jogos aqui fala que foi bom demais. O ginásio é bom para quem joga, para quem assiste, para quem tá trabalhando, enfim, tomara que possamos retomar isso tudo. Para nós, também como projeto, é um ponto fundamental. Termos jogos aqui em Caxias, ter a torcida, o envolvimento da comunidade, da imprensa, de todo mundo. A expectativa e a torcida é pra que o próximo NBB volte nos nos moldes normais.
Pioneiro/GZH: No NBB 10, o time chegou nas quartas e garantiu uma vaga na Sul-Americana. Esse passa ser o desejo para os próximos anos? Como trabalha o crescimento do time para a sequência?
RB: Assim, vou te dar a resposta de duas maneiras. Como o gestor do projeto como um todo, a gente vem evoluindo a cada ano. Ficamos dois anos parados, mas nossa estrutura está evoluindo cada vez mais. Temos feito reuniões durante toda temporada, queremos aumentar a nossa estrutura e a nossa qualidade de trabalho. Como técnico, é crescer sempre mais, ou seja, se eu puder chegar num segundo, numa semifinal, tenho certeza que vamos trabalhar para isso. Estamos estruturando como entidade e aquilo que o time pode fazer vamos descobrir durante o campeonato, conforme as coisas vão acontecendo. Mas a vontade é de chegar o mais alto possível. Se vai ser naquela quinta colocação do NBB 10, se jogar uma sul-americana, acho que sim, que podemos. Não é um sonho mais distante. Mas temos que estar trabalhando com os pés no chão, entendendo o momento de cada coisa. Conseguindo fazer as coisas com antecedência pra que tenhamos tempo para organizar. Para isso, temos que ter os nossos parceiros. É um momento de validar tudo que eles fizeram, todos os nossos parceiros, KTO, Randon, Rodoil, Unimed, Bobs, Banrisul, todo mundo e chamar pra que possamos trabalhar pensando no próximo NBB.