Depois de lutar para voltar a disputar a elite do basquete nacional e conseguir avançar de fase, o KTO/Caxias do Sul Basquete começa nesta quarta-feira (21), no Ginásio da Gávea, no Rio de Janeiro, a primeira série de playoffs da temporada 2020/2021 do Novo Basquete Brasil, a partir das 16h. O adversário será o tradicional Bauru, que já foi campeão do torneio e que sempre surge como um dos favoritos ao título, com um time sempre cheio de estrelas do cenário brasileiro.
Do lado da equipe gaúcha, o trunfo da temporada para conseguir chegar aos playoffs esteve na mescla entre a experiência de alguns jogadores, com a juventude de outros. A dupla de armadores do Caxias Basquete é a prova disso. O argentino Nico Ferreyra, de 36 anos, e o paulista Matheus Eugeniusz, de 21, chegaram no momento do reinício do time para a competição e com desafios diferentes na vida.
Pela primeira vez no basquete brasileiro, Ferreyra chegou ao time para ser o condutor da equipe, enquanto Eugeniusz joga seu primeiro NBB fora do estado de São Paulo. Na Serra, os dois encontraram um grupo disposto também a fazer história e que chega aos playoffs em evolução.
— Viemos de um começo de temporada adaptando muita coisa, cada um veio de um canto e conseguimos encaixar durante o campeonato. Acho que o time está vivendo o melhor momento, o mais entrosado possível. Estamos prontos para esses playoffs — analisa Eugeniusz.
Para Nico, além da chegada em um novo time e uma nova liga, houve também a adaptação a um país e um idioma diferente. Tudo isso, em meio a uma pandemia. Por esses motivos, chegar nos playoffs é tão relevante para o argentino.
— Foi muito importante. Primeiro, porque é uma experiência nova e cheguei aqui com objetivos pessoais, que se converteram em metas do grupo. Foi um ano de muito crescimento pessoal, tanto por estar em uma equipe de basquete no Brasil, quanto fora. Foi um ano onde precisei estar mais tolerante para amadurecer e me adaptar rápido — afirma Ferreyra.
Nico chegou para ser o titular, enquanto Eugeniusz veio como promessa e opção para o decorrer dos confrontos. Porém, o argentino teve uma lesão na mão e acabou desfalcando o time em sete jogos no espaço de pouco mais de um mês. Com isso, o jovem armador ganhou mais tempo em quadra e revezou com Pedro Mendonça a armação do time em boa parte deste período. Foi o momento da afirmação do paulista na equipe gaúcha.
— Sou um atleta jovem ainda, que estou começando minha carreira. O Rodrigo (Barbosa, técnico) confia e eu, ganhando essa minutagem, tento aproveitar o máximo possível. Ele sempre fala que, às vezes, não se joga muito tempo, mas aparecem as oportunidades, como foi quando o Nico se machucou, e tem que estar preparado — recorda Eugeniusz.
O momento da lesão, por sinal, foi quando Nico precisou mais da força do grupo para superar o mês afastado e para voltar ainda melhor do que estava até a fratura na mão:
— São momentos que vivemos, atletas de alto rendimento, e isso forja caráter. Busquei melhorar e nunca sair do foco e do eixo, por mais que a lesão leve 15 ou 20 dias para recuperar. Me ajudou muito ter um grupo de jogadores predispostos a isso para aguentar. Não tem um jogador que jogue muitos minutos e podemos suprir com outro. Isso fala muito sobre o time e me deu tranquilidade para me recuperar e estar bem.
Foco nos playoffs
Depois de passarem por momentos distintos na fase de classificação, Nico e Eugeniusz tentarão, ao lado de seus companheiros de time, levar o Caxias Basquete ainda mais longe na competição. Encarar o Bauru é uma missão complicada, mas que o argentino entende que valorizará ainda mais os feitos do time até aqui.
— Somos conscientes que estamos melhorando e que chegamos em um bom momento. Não digo que estamos no topo do que pode dar a equipe, porque podemos seguir crescendo. Agora teremos um playoff duríssimo contra um time que entendo ser um dos melhores da competição. Isso vai por à prova se realmente estamos no momento em que acreditamos — admitiu Nico, que espera uma série de afirmação para o time gaúcho:
— Poder consolidar e fazer um bom playoff, independente se o ganharmos ou não, mas fazer o que Caxias vem fazendo, crescer aos poucos, jogo a jogo e mostrar nosso nível. É isso é nosso objetivo hoje.
Para chegar nas quartas de final, o Caxias Basquete terá que superar um time que tem, por exemplo, Alex Garcia, Tyrone, Larry Taylor e Gui Deodato. Além da mescla, uma das armas da equipe gaúcha é contar com jogadores tão rodados e vencedores quanto os de Bauru, como Eddy, Shilton, Pedro Teruel e o próprio Nico Ferreyra. As vivências desses jogadores em decisões podem fazer com que o Caxias Basquete surpreenda novamente o Brasil.
— São jogadores experientes, que passam muita tranquilidade nessas horas, que chamam a responsabilidade. Estão mais acostumados com jogos assim. Sempre tentamos conversar dentro da quadra para se acertar e fazer a diferença para ganhar o jogo — concluiu Eugeniusz.
A partida desta quarta-feira terá transmissão pela página do Facebook do NBB. Na sexta-feira (23), às 17h, as equipes se reencontram na Gávea, em jogo que será exibido pela ESPN.