Você tem um sonho que ainda não conseguiu realizar, daqueles que é necessário muito trabalho e luta para conquistar? A caxiense Audrin Sirtoli, 34 anos, sim. Esportista desde a infância, ela ainda deseja jogar uma Liga de Basquete Feminino (LBF) pelo time da sua cidade. E esforça-se para tornar isso uma realidade.
— Eu nunca joguei profissionalmente, sempre fui uma atleta amadora, porque aqui em Caxias a gente nunca teve uma equipe profissional feminina. Ano passado, montei o time aqui na cidade, mas ele não era profissional, porque não tinha salário, não tinha nada, a gente jogava por amor à camisa. Eu sempre quis jogar, mas acabei não seguindo. Quando fiz 18/19 anos, decidi estudar, então larguei um pouco o basquete. Nunca parei de jogar, mas não tinha isso como uma profissão. Acabou virando um hobby. Em 2017, comecei essa busca para tentar montar um time feminino profissional aqui em Caxias, para jogar a LBF — explica a pivô.
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Nascida em uma família de esportistas, Audrin conta que o pai, Irineu Sirtoli, sempre apreciou o futebol. Enquanto a mãe, Maribel Lúcia Basso Sirtoli, gostava mais do handebol. Já ela e suas irmãs, Katleen e Jennifer, criaram uma relação de amor pelo basquete desde a adolescência, por incentivo de Magali Angonese, a Neca.
— Com 14 para 15 anos, uma amiga nossa, que gosta muito do basquete, resolveu convidar eu e minhas irmãs para treinar no Galópolis. Isso foi no ano de 2000. E aí, comecei e gostei. Sempre gostei muito de esporte, mas o basquete foi por causa dos meus primos, a tradição do basquete na minha família é bem forte. Praticamente, todos meus primos jogavam ou jogam basquete — conta.
Por ter começado tarde a praticar o esporte, Audrin decidiu manter isso apenas como hobby. No entanto, em um determinado momento de sua vida, sentiu um certo arrependimento por não ter mergulhado nesse sonho:
— Eu preferi estudar, ter diploma, do que ser atleta. Só que depois, quando me formei, parecia que me faltava alguma coisa, que tinha que tentar. Então, por isso que busquei sempre esse sonho, de montar o time aqui, queria muito que aqui também fosse um polo do basquete profissional feminino, que a gente pudesse dar oportunidade para as meninas daqui jogarem também. Não que eu me sinta frustrada, mas quando chegou uma fase da vida que eu enxergava as manas jogando, contando todas as histórias, parecia que faltava alguma coisa. Falei: "bah, eu podia ter tentando". Acabei desistindo por essa questão, por me achar muito velha para ir, mas acredito que nunca é tarde para sonhar e tentar conquistar essa parte de profissional.
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Em 2019, ela foi uma das responsáveis pela criação do time feminino, que defendeu as cores do Caxias Basquete. Na final do Gauchão, a equipe derrotou o CR Esportes, de Osório, por 44 a 28, no Vascão e foi campeã do Estadual.
— Há 10 anos não tinha um time adulto feminino em Caxias disputando o Estadual. Então, no ano passado, nós montamos esse time e acabamos campeãs. O que eu destacaria foi rever todo o ginásio com bastante torcida, que a gente sempre tinha aqui no Galópolis, quando jogávamos. Então, foi um momento muito legal para nós, de rever todos nossos amigos, nossa família, assistindo a gente jogar e conquistar o título dentro de casa — relembra.
Agora, o intuito dela é disputar uma LBF. Trabalhando no setor administrativo do KTO/Caxias Basquete, ela vê com otimismo a possibilidade de que haja um novo time feminino em 2021 e que ela possa integrá-lo.
— A minha técnica do ano passado, que é uma amiga minha, a Iula Crespo, está com um projeto de montar um time feminino adulto para o ano que vem. Ela tem o mesmo sonho que eu. Ano passado, em 2019, ela estava junto comigo em todas as buscas e nessa conquista. Ela quer que eu faça parte, e eu quero muito. É um sonho que tenho, de pelo menos jogar um campeonato da LBF, para sentir essa emoção de entrar em quadra sendo profissional, jogando um campeonato de alto nível — almeja.
Para as meninas que ainda estão iniciando no basquete, e sonham em ter uma carreira profissional, Audrin aconselha que persistam:
— Nunca desista, sempre siga seu sonho, porque nada é impossível. É preciso treinar e se dedicar muito. O esporte faz milagre na vida das pessoas, nos permite conhecer muitas coisas e muitas pessoas e, com certeza, viver momentos inesquecíveis. Então, nunca desista, se seu sonho é ser uma atleta profissional, siga nesse sonho, porque vale muito a pena. O esporte muda vidas.
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