A nossa série de entrevistas com os técnicos dos times da Serra se encerra com o único dos três treinadores das equipes da região que não disputou o Gauchão. Pintado assumiu o Juventude durante a pandemia e somente nesta semana conseguiu iniciar os treinamentos coletivos com o grupo alviverde.
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Logo na sua estreia, terá pela frente o clássico da cidade, contra o Caxias, na quinta-feira (23), às 11h, no Estádio Alfredo Jaconi, com portões fechados. Pintado não sabe quando poderá ter um encontro com o torcedor em dia de jogo, mas o Jaconero pode acompanhar um pouco do que pensa o comandante alviverde para a temporada.
Pioneiro: Qual a maior preocupação neste retorno na parte técnica dos jogadores e dos riscos de lesão, depois de tanto tempo parado ?
Pintado: Após as informações de alguns campeonatos que já começaram, tanto fora do Brasil quanto aqui mesmo, acabamos observando que os profissionais que trabalham no futebol (no país) são muito competentes. Estamos vendo o Brasil sofrer menos do que em outros países. É claro que são momentos difíceis, a competitividade já está comprometida. Acho muito difícil que qualquer equipe consiga competir em alto rendimento, em alto nível, como vinha fazendo antes da parada. Mas pela qualidade, tanto de atletas, quanto das comissões técnicas que trabalham no futebol brasileiro, acredito que a gente consiga voltar em um bom nível.
Pioneiro: Muda muito ter boa parte do grupo chegando agora ao clube ou seria mais fácil, mesmo assumindo o time no meio do caminho, ter uma base formada mais consistente e qual será o foco dessa semana de treinamentos coletivos?
Pintado: O ideal é sempre ter uma base, seguir um planejamento. Mas aqui no Brasil a gente sabe que essas coisas (mudanças) são normais, infelizmente. O mercado oferece muitas opções para você se movimentar e contratar. Acho que o Juventude foi feliz e consegue hoje melhorar o que tinha, que já era um bom grupo, e acrescenta bastante ao seu elenco com um novo grupo, uma nova maneira de trabalhar e de jogar. Então isso vai ser novidade. É pouco tempo de treinos coletivos, na verdade. Têm alguns trabalhos que foram feitos. Acredito que todas as equipes sofreram com essa nova condição de ter que acrescentar ou que improvisar algum trabalho. Existe uma carga para a parte física, um tempo para que você possa administrar a parte técnica e tática. E sabemos que neste momento será impossível colocar tudo que deveria ser colocado para que uma equipe possa competir. Ainda assim, acho que todas as equipes estão buscando o seu melhor e aqui no Juventude não é diferente. Respeitando muito o protocolo, que aqui no Juventude não se correu risco nenhum para que pudéssemos, em nenhum momento e nenhum profissional. A limitação é muito grande por não conseguir realizar um jogo treino. Mas todas as equipes, para conseguir um ritmo de jogo, só jogando. E como nenhuma equipe pode jogar ainda, acaba tendo um pouco de dificuldade.
Pioneiro: Há vantagem em ter pelo menos três jogos com características de clássico antes da Série B e tecnicamente, o que espera destes primeiros jogos na retomada?
Pintado: O importante nesse momento é jogar. Independente se são clássicos ou não. Aqui no Juventude, vamos encarar com seriedade todos os jogos. Assim vem sendo também nos treinamentos. Ritmo de jogo, só jogando. Pode treinar três vezes ao dia, que não vai conseguir o ritmo, que só na hora do jogo se consegue administrar e trabalhar. Por isso, vão ser importantes esses jogos para nós. Nós vamos ter muita dificuldade na parte técnica e tática. É uma nova maneira de jogar, um novo grupo. Voltar com tantas mudanças assim, em algum momento, pode causar confusão. Mas não existe volta atrás. Tem que seguir daqui para frente. Acredito muito nesse grupo, o que eles demonstraram todos esses dias de trabalho me deixa muito confiante, muito satisfeito. Os atletas têm entregado mais do que 100% e por isso deixa a gente muito confiante.