O Juventude se caracteriza por ser um clube formador de atletas. As suas categorias de base têm potencial de revelar bons nomes e com futuro promissor. É o caso de Natan Rodrigues de Sales, 17 anos, natural do interior de Minas Gerais, na cidade de Itaobim. Atualmente, é goleiro do Palmeiras, mas o Ju é o começo de tudo.
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O jovem chegou à base alviverde em 2017, após ser dispensado pelo Inter. No Ju, ficou 1 ano e 8 meses e está no Palmeiras desde a temporada passada. O clube paulista acabou de comprar 50% do seu passe. O Juventude ficou com os outros 50% em uma futura venda.
Antes da pandemia, Natan chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira Sub-17. No entanto, curiosamente, antes mesmo de conseguir essa ascensão rápida, o goleiro atuava em outra posição.
– Eu era zagueiro numa escolinha em Minas Gerais. No último torneio, no interior de SP, eu fiz o primeiro jogo na linha e perdemos 3 a 0 para o Botafogo-SP. À noite, nosso treinador da escolinha (Sirlei) passou um filme de Deus e foi nessa hora que senti uma fala para eu ir no gol. No jogo seguinte, fui no gol. Um olheiro do Internacional me viu, gostou da minha partida e me chamou. Cheguei lá sem chuteira, sem luva e sem habilidades nenhuma como goleiro, em menos de 30 dias fui dispensado e levado para o Juventude – disse Natan.
No Ju, Natan conquistou o Gauchão na categoria sub-15, como parte do elenco, e do Campeonato Municipal. Em uma competição em Teutônia foi escolhido melhor goleiro. Também tem um vice na categoria até 2003 no Estadual.
Além das conquistas, o goleiro é muito grato ao Ju, porque foi quem abriu as portas para começar tudo.
– O Juventude tem um significado muito forte, pois foi o clube que sempre abriu as portas para mim. Eu vejo um clube que dá muitas oportunidades para jovens que tem vontade de ser jogador, porque hoje em dia o futebol é para quem pode e não para quem quer. Eles viram um dom em mim que era a minha vontade de vencer, de melhorar. E tive ótimos treinadores de goleiros, pude evoluir muito rápido, em menos de quatro meses no Juventude, virei titular lá – disse Natan.
Professores
Natan chegou ao Juventude em 2017 e durante o período que trabalhou na base do clube foi treinado por alguns profissionais, como Douglas Neso e Dion Santos. O primeiro, foi Felipe Franceschini. Ao chegar no Juventude, ainda com 14 anos, veio através da coordenação (Luther Alves e Cristian Costa) e indicado pelo Sandro Silva (atualmente é captador no Corinthians).
– Ele tinha um excelente biótipo e margem de evolução gigante. Juntamente com os treinadores de goleiros da base, iniciamos um trabalho complementar com ele, de consciência corporal, técnica e evolução de valências físicas, em conjunto aos treinos diários da categoria sub-15. É valido salientar que a sua personalidade forte e também a vontade de dar uma condição de vida melhor à sua família, sempre foram o ponto forte de sua trajetória – lembra Franceschini.
Família e dificuldades
Apesar de ter nascido na cidade de Itaobim, Natan foi morar em Belo Horizonte com oito anos. Neste época, começaram as dificuldades. O garoto morava com a mãe, o padrasto e as duas irmãs pequenas.
–Minha família tinha um pouco de condições financeiras para pagar o aluguel e as contas. Depois começaram a aumentar o aluguel e a empresa estava caindo (não estava pagando direito). Meu padrasto construiu um barracão numa comunidade (Vila Pinho) para a gente sair do sofrimento – diz o goleiro.
As dificuldades foram grandes e Natan não conhecia o pai biológico. O destino fez ele conhecê-lo no ano passado, justamente em Caxias do Sul. O pai é caminhoneiro.
– Um amiga da minha vó achou ele no Facebook e me passou. Eu mandei mensagem e acabei descobrindo que ele mora em Caxias do Sul, mais eu não tinha nenhuma foto dele na época. Eu não conhecia ele. Nunca vi ele pessoalmente, mais as vezes a gente troca ideias pelo Whatsapp. Eu não tinha nem dois anos quando ele nós deixou. Minha mãe sempre foi um pai e uma mãe para mim. Grande guerreira – lembra Natan.
Fã dos goleiros Alisson e Weverton, por se identificar com as características técnica e intensidade, sonha em se destacar no Palmeiras, depois ir para a Europa, ganhar títulos importantes, como Champions League, Premier League, La liga e, um dia, chegar à Seleção Brasileira principal. Na base, já chegou a defender a camisa verde a amarela.
– Quando eu vi (convocação), nem acreditei. Minha meta quando vim para o Palmeiras era ir para a Seleção Brasileira. E quando vi meu nome lá, fiquei muito feliz, liguei na hora para minha mãe e avisei ela. Ela chorou muito de felicidade – finalizou o jovem.
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