O preparador físico Rafael dos Santos, o Brasa, foi anunciado como novo preparador físico do time feminino do Brasil de Farroupilha. Com ele, a comissão técnica está completa. Sob o comando do técnico Luciano Almeida, o grupo também conta com o auxiliar Guilherme Lange, o preparador de goleiras Dionatan Rodrigues, o auxiliar de preparação física e goleiras Odemir Paulo Motterle e o fisioterapeuta Ramón Lazzari.
Essa não será a primeira vez que Brasa trabalhará com um elenco feminino. Na sua carreira, passou alguns anos na comissão técnica da Apahand/UCS, que disputava a Liga Nacional de Handebol. Além disso, atuou na preparação física da Seleção Brasileira de handebol de surdos feminina e pelas seleções de base da modalidade. No futebol, também passou por um time feminino do interior de São Paulo, o Votuporanga, por volta de 2009/2010. No Brasil-Fa, a expectativa é alta.
— O trabalho, por si só, é desafiador, porque é um campeonato brasileiro do esporte mais popular do Brasil. A gente ainda não consegue comparar o naipe feminino com o masculino, mas é uma segunda divisão de Brasileirão. Então, enfrentamos times de camisa e quando isso acontece, tu não sabes o que vem por trás. Se um time de camisa entra num campeonato desses, não entra com intuito somente de participação. Eles vêm com o intuito da vitória — destaca Brasa.
Durante a pandemia, as atividades precisaram passar por uma adaptação para ocorrer. O elenco foi dividido em grupos e está treinando em horários distintos, para evitar aglomerações. No momento, trabalhos físicos e o reforço muscular estão sendo priorizados. Brasa explica que um dos fatores que o fez aceitar a proposta do time da Serra foi o fato de ofertarem a mesma estrutura de treinamento para os times feminino e masculino.
— O Brasil, hoje, cumpre todas as regras de distanciamento em um treino que, antes era coletivo, e agora é individual. Cada um faz o seu treino no seu espaço, sem o contato com o outro. Uma coisa bem individualiza. Por um lado é bom, porque se obriga a personalizar o treino do atleta, embora a gente já faça isso há muito tempo. Então, são peculiaridades que são gerais e quem souber trabalhar melhor com isso, se adaptar melhor, vai se dar melhor — explica Brasa, que ressalta a dificuldade de adaptação que todos os clubes terão que passar neste período:
— Mesmo sabendo que vamos enfrentar times de camisa, essa questão da pandemia ela meio que embaralhou tudo. É só analisarmos a situação do nosso estado, numa semana pode treinar, na outra não. E não é só aqui, são em todos os Estados. Cada região tem a sua peculiaridade em relação a pandemia. Talvez a gente saia na frente, na questão de tempo, um pouco atrás na questão de dinheiro, mas no final vai ficar meio embaralhado. Tu não sabes se quem tem mais dinheiro conseguiu treinar o suficiente, se quem não tem conseguiu se manter nesse período, para voltar mais forte.
O primeiro contato entre o novo preparador físico e as atletas foi promovida na última quinta-feira (25), quando houve a reapresentação do elenco e a testagem para covid-19. No entanto, em decorrência do distanciamento social, Brasa diz que ocorreram pequenas conversas, impessoais, para entender as particularidades das atletas.
— Eu já sabia que tinha essa questão das atletas não se dedicarem 100% ao futebol, terem outras profissões. Acho que isso foi um dos fatores que fez o Brasil sobreviver a essa pandemia, porque, como elas não recebem salário, o clube não tem um gasto muito grande. O investimento é mais com comissão técnica e estrutura, luz e água, por exemplo. Se pegarmos um clube que paga salário, talvez algumas atletas tenham ficado sem receber e tenham se desligado do clube, o que pode inviabilizar a continuidade no campeonato. No Brasil não influenciou tanto. Esse fato delas terem a própria renda, o que normalmente é um fator negativo, nesse período de pandemia, acabou sendo uma vantagem, porque elas continuaram com seus trabalhos, continuaram recebendo seu salário e agora vão poder retornar aos treinos com grupo completo — complementa.