Aos 27 anos, a caxiense Renata Adamatti vive um dos melhores momentos da sua carreira como jogadora de futsal. Atualmente, ela defende o Italcave Real Statte, da Itália, e é uma das atletas brasileiras em maior evidência na modalidade, num ambiente competitivo e que coloca suas habilidades em evolução. Renatinha é uma das melhores jogadoras brasileiras e do mundo da atualidade.
Com uma trajetória rápida, até chegar no topo, a pivô iniciou aos seis anos de idade no futebol de campo, quando fazia parte da escolinha do Juventude. Aos nove, foi jogar futsal pela primeira vez e encontrou sua verdadeira paixão. No colégio Cristóvão de Mendoza, jogou até os 15. Depois foi para Balneário Camboriú, Chapecó e voltou para Caxias, quando ajudou a MGA Games a ser campeã estadual. A oportunidade de jogar na Itália veio em 2016.
Atualmente, o país europeu é um dos centros da pandemia de coronavírus e a caxiense foi liberada pelo clube, mas Renata teve dificuldades para retornar ao Brasil.
— Fiquei lá até 15 de março. Gostaria de ficar mais para saber a situação do campeonato, mas estava muito difícil. Já não podia sair de casa, se não era multada. Os mercados com muita fila. Isso me preocupou e eu resolvi voltar antes que fechassem os aeroportos. Lá, eu moro sozinha. Ficar isolada e sozinha não é fácil. No aeroporto, eles não queriam deixar a gente sair. Nós temos residência na Itália, mas também no Brasil, então conseguimos a liberação para voltar — lembra a jogadora, que viveu momentos de indefinição quanto o retorno para o país de origem:
— Até ficamos com medo deles não deixarem a gente viajar, mas no fim deu tudo certo. Quando chegamos em Roma, preenchemos um documento e nos barraram. Tenho dupla cidadania, então expliquei durante meia hora para convencer as autoridades. Foi bem tenso.
Desde que chegou ao Brasil, em 16 de março, Renata procura não ter contato com a família. Está isolada como forma de prevenção, mesmo que não tenha nenhum tipo de sintoma da covid-19. Os pais estão no grupo de risco e a prioridade é o cuidado com eles.
— Estou em outra casa, sozinha. Evito sair de casa, treino aqui e sem ter contato com ninguém. Tudo para não correr risco — afirma a atleta.
Em sua quarta temporada na Itália, Renata esteve no país no início da pandemia. Acompanhou de perto tudo que aconteceu. Agora, distante, observa com tristeza as notícias dos casos e das mortes no país:
— Fico muito triste com as mortes e com as situações que nunca imaginaríamos passar. Rezo bastante para que isso passe logo. Como sou naturalizada italiana e represento a seleção, tenho a Itália no meu coração. Tomara que os médicos possam fazer o melhor trabalho e tenham força.
Temporada Italiana
Na Europa, Renata já defendeu dois times, além do atual. Foram dois anos pelo Ternana e um pela Fiorentina. Antes da paralização das competições, o time atual de Renata, Italcave Real Statte, liderava a competição nacional. A campanha teve somente uma derrota até a parada. A pandemia paralisou a competição e, ao mesmo tempo, momentaneamente, o sucesso da caxiense.
— Foi uma pena a suspensão, ainda em fevereiro. Estava sendo maravilhoso. Estamos com um time muito competitivo, isso fazia muita diferença. Quem sabe, quando tudo voltar ao normal, a gente não conquiste o título — revela a jogadora.
Todo esse sucesso na Itália, fez Renatinha tomar uma dura decisão. Deixar de defender o Brasil para jogar pela seleção europeia. Na seleção brasileira, foram cinco mundiais (universitários) disputados. Agora, pela Azurra, desde a estreia em julho do ano passado, já atuou em dois torneios: um na Croácia e outro na Ucrânia, além de dois amistosos contra Portugal.
— Não foi uma escolha fácil, pois representei a vida inteira o Brasil. Sempre foi meu sonho. Mas algumas coisas aconteceram e me deixaram chateada. A Itália me acolheu e me deu essa oportunidade. Eu estava lá há quatro anos e me sentia representando a seleção italiana. Decidi, porque a Itália está no meu coração também — finalizou.