Entre alegrias e tristezas, algo corriqueiro em nossas vidas, o sentimento de torcer pelo time do coração é sempre algo especial. Ir ao estádio cantar, vibrar ou simplesmente acompanhar uma partida promove muitas emoções. O ato de torcer também é de saber valorizar personagens que ajudaram a construir a trajetória de um clube.
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Funcionários, jogadores, treinadores, dirigentes e outros tantos que auxiliaram nesta caminhada. Nesta sexta-feira (10), o Caxias faz aniversário, e o torcedor grená celebra 85 anos de histórias, mesmo sem uma grande festa, por conta da pandemia do coronavírus.
Embora muitas pessoas tenham gravado o nome na história do clube, seja como Flamengo, Associação ou, desde 1975, como Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias, quem entra em campo normalmente cria mais empatia com a torcida. Os atletas marcam com gols, fazem jogadas plásticas ou até mais agressivas. Por isso, escolhemos três personagens destes 85 anos para contar um pouco das glórias do time grená. Caçapava, Delmer e Jairo Santos são três dos quatro jogadores que mais vestiram a camisa do clube.
A raça grená
O primeiro deles é Renato Ubirajara Formoso Pires. Não conhece por esse nome? Então, Caçapava. Agora ficou mais fácil. Ele vestiu a camisa do Caxias, nas décadas de 1980 e início de 1990, e é o jogador que mais atuou com o manto grená na história, com 286 jogos.
— O Caxias me acolheu bem e é parte da minha vida, tanto na trajetória profissional e, principalmente, crescendo como pessoa. Tenho um carinho muito grande por essa camisa. A cor grená me atrai. Jogo após jogo, fui conquistando a simpatia do torcedor grená, que era muito exigente — comenta Caçapava.
Com o passar do tempo, é normal que a memória remota seja mais difícil de ser recordada. Porém, mesmo tendo realizado 286 partidas com a camisa do Caxias, o ex-volante recorda perfeitamente da mais marcante. Essa jamais será esquecida e faz parte da história de Caçapava e do clube.
— Foram tantos jogos importantes, mas meu primeiro duelo profissionalmente foi um clássico Ca-Ju. No Alfredo Jaconi, empatamos em 1 a 1. Conseguimos um bom resultado fora de casa em 1984. Além disso, em 1989, a torcida dividiu o estádio pela metade e estava lotado. Teve um clássico no Jaconi que marcou a minha carreira. Ganhamos de 1 a 0, com gol do Nilson. Conseguimos uma boa caminhada para disputar a final do Campeonato Gaúcho com o Grêmio — lembra o ex-jogador.
Caçapava chegou ao Caxias em 1982 e permaneceu por nove anos, ficando marcado na história do clube como um jogador de muita determinação dentro das quatro linhas.
Um honrador grená
Ser Caxias é ser desportista e um bravo honrador da história. Nesses 85 anos, um dos que mais honrou a camisa grená foi Delmer. Durante dez anos de carreira, o sangue do atacante foi grená e azul, aliado ao branco, gravando seu nome entre os principais atletas do clube.
— Cheguei ao Caxias através do José Setti e do saudoso Vanderlei Bersaghi, o Pé. Na época, eles eram diretores da base. Eu estava nos juniores da Associação Rosário, da minha cidade natal. Os dois foram para contratar outro atacante, mas o pessoal de Rosário indicou eu, o Luciano Almeida, Mano e o Larry. Isso em 1992 — lembra Delmer.
O atacante chegou ao time profissional em seu primeiro ano de clube. Antes, porém, fez parte da equipe campeã estadual de Juniores, em 1993, na categoria na qual Grêmio e Inter eram hegemônicos. Sete anos depois, desta vez no elenco principal, Delmer voltou a ser campeão gaúcho com o Caxias.
— O momento mais marcante, sem dúvida, foi o título gaúcho de 2000. Com uma equipe daquelas e um treinador (Tite) que dispensa comentários. O conjunto era muito bom, tanto que nós tínhamos até psicólogo, que nos ajudou muito a chegarmos ao objetivo — explica Delmer.
O ex-atacante foi destaque das conquistas da Copa Daltro Menezes, em 1996, e da Copa Ênio Andrade, em 1998. Contudo, o título de 2000 e um feito em 2001 lhe colocaram em uma página especial na história do clube.
— Em 2001, na Série B, a gente perdeu a vaga pro Figueirense naquele tumulto. Porém, naquele ano, consegui me sagrar o jogador com mais gols com a camisa do Caxias, ultrapassando Washington, Brandão e Bebeto — disse Delmer, que é o maior artilheiro da história grená com 85 gols e o segundo jogador que mais vestiu a camisa do clube, com 274 jogos.
Um dos líderes da equipe campeã de 2000
Aos 50 anos, Jairo Santos mora em Laguna, interior de Santa Catarina, e está um pouco distante dos grandes centros do futebol. Formado no Criciúma, porém com carreira consolidada no Rio Grande do Sul, foi no Caxias que o lateral-direito viveu seu momento de maior destaque, aos 29 anos. Com 254 partidas, ele é o quarto na lista de atletas que mais vestiram a camisa grená nos 85 anos de história.
— É muito gratificante lembrar de uma trajetória vencedora. Foram quatro anos e meio no Caxias, e alguns feitos marcantes. Jogar a Série B e quase ter a chance de subir, além de ser campeão gaúcho, mostram que foi uma passagem muito boa — lembra Jairo Santos.
Assim como Delmer, o lateral-direito Jairo Santos também fazia parte do grupo que conquistou o Campeonato Gaúcho de 2000 pelo Caxias, o maior título do clube.
— Foi uma conquista inédita e ficou para sempre na memória. Sabemos o quão difícil é um clube do interior ser campeão, devido ao poderio da dupla. Fizemos um grande trabalho, bem conduzido pelo Tite, e deu certo para todos — lembra o ex-lateral, que confessa estar na torcida pelo Caxias repetir o feito de 20 anos atrás:
— Eu vim para Laguna, em região de praia e pesca, e longe dos grandes centros do futebol. Criciúma está a uns 100km e mais ao norte tem Florianópolis. Mas, como joguei nos últimos anos no Rio Grande do Sul, sigo acompanhando o futebol daí e torcendo pelo Caxias. Fiquei feliz pelo título do turno e espero que conquiste mais.
Jairo Santos atuou pelo Caxias entre 1999 e 2003. Além do Grená, também atuou por Grêmio, 15 de Novembro e Veranópolis no Estado.