A Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg) suspendeu o repórter Luis Arnaldo Wottrich, da Rádio Iguatemi, do Grupo Repórter. Conforme nota divulgada pela entidade nesta sexta-feira (13), o profissional teria cometido um ato de injúria racial durante o jogo entre São Luiz e Caxias. No mesma partida, o atacante Tilica foi chamado de macaco por um homem que estava na arquibancada do Estádio 19 de Outubro.
Na nota, a Aceg diz que Wottrich foi identificado trabalhando na torcida e "aparece pulando e imitando um macaco" e que o repórter foi suspenso por prazo determinado, mas não divulgado, para a atuação em praças esportivas no Rio Grande do Sul.
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Em um vídeo que circula na internet, Luis Arnaldo Wottrich aparece pulando atrás de um dos gols do Estádio 19 de Outubro. Em contato com a reportagem, o radialista afirmou que os pulos não tinham referências racistas, mas sim são uma brincadeira que ele comumente faz com torcedores.
— Estive na delegacia e conversei com o delegado que trata do caso. Levei os autores do vídeo e tenho sempre uma interatividade com o torcedor. Gravamos vídeos e tiramos fotos. Eu passo na frente do torcedor, me dirijo para a câmera e fico dizendo: "Então me filma, então me filma". Alguns tiveram o entendimento de que seria algo diferente — explicou.
O delegado Amilcar Neto, da 1ª Delegacia de Polícia de Ijuí, disse que os casos estão sob investigação e que o inquérito foi instaurado.
— Estive em contato com o Tilica ele já analisou as imagens. Devemos nos deslocar até Caxias do Sul para formalizar o depoimento. Ele (repórter) foi ouvido, não só em relação ao ato que aparece no vídeo, mas como pessoa que estava presente no jogo — falou o delegado.
O caso será levado também ao Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul. De acordo com o procurador do TJD-RS, Alberto Franco, o profissional está passível a punição — suspensão de 120 a 360 dias — mesmo sendo repórter.
— É um caso pioneiro, nunca teve uma situação dessas. Entendemos que possa ser julgado na Justiça Desportiva, na medida que o repórter, para poder trabalhar, faz um cadastro na Aceg. Então, está vinculado à competição por meio do órgão regulador. Está no manual de procedimentos da Federação Gaúcha. Na medida que o repórter faz esse cadastro, ele se sujeita aos procedimentos da Justiça Desportiva — observou Franco.
Luis Arnaldo Wottrich disse trabalhar em rádio há 25 anos. Segundo ele, não houve contato da Aceg antes da definição da punição — ele apenas recebeu o comunicado da decisão.
— Achei bem injusto, porque eles não têm conhecimento do teor do vídeo. Estou em contato com o delegado que está à frente do caso. Não passou de uma brincadeira, totalmente desconectada do caso do Tilica — completou o repórter.
— Eu não preciso falar com um profissional que faz o que ele fez, estando credenciado para atuar como repórter. Está vestido com um colete de identificação de imprensa. A imagem explica tudo — argumentou Alex Bagé, presidente da Aceg.
Confira a nota da Aceg: