Um ano após a polêmica derrota na final da Taça Piratini, quando o Caxias de Lisca saiu na frente com dois gols, sofreu o empate nos acréscimos do segundo tempo e perdeu nos pênaltis para o Grêmio de Renato Portaluppi, no Estádio Olímpico, Grenás e Tricolores voltaram a se enfrentar pelo Campeonato Gaúcho.
O jogo em 26 de fevereiro de 2012, pela semifinal da mesma taça, desta vez era no Estádio Centenário. Mesmo que o elenco comandado por Paulo Porto fosse totalmente diferente em relação ao ano anterior, para o clube havia a necessidade de revanche, e o troco foi dado com algumas semelhanças. O Caxias saiu atrás no placar, buscou o empate e venceu nos pênaltis.
— Antes do jogo, nós sabíamos que era uma partida importantíssima para as nossas carreiras, por poder colocar o Caxias em uma final de primeiro turno. Pensando mais longe, poderíamos chegar a uma final do Estadual, algo que o clube não conseguia desde 2000. Nosso ambiente era muito bom na concentração, é algo que eu sinto saudades — comentou o goleiro Paulo Sérgio, figura decisiva naquela partida.
Depois do empate em 1 a 1 no tempo normal, a decisão foi para os pênaltis. Após três acertos para cada lado, Paulo Sérgio pulou para o canto esquerdo e espalmou a cobrança de Marco Antônio, a quarta do Grêmio. Na sequência, coube a Alessandro Paraná colocar o Caxias na frente e ao próprio goleiro definir a classificação. Desta vez com o pé esquerdo, ele chutou forte e rasteiro. Victor, goleiro do Grêmio, conseguiu desviar, mas a bola bateu no travessão e entrou. Caxias 5 a 4 nos pênaltis e classificado para a final da Taça Piratini 2012.
— O jogo foi dificílimo. Eu tive a felicidade de ser decisivo, pegando a cobrança do Marco Antônio e depois marcado o gol da classificação. Foi um momento único, extraordinário. O título, depois, foi um divisor de águas na minha carreira, assim como de outros jogadores, como Lacerda, Fabinho e Vanderlei, por exemplo — explicou o ex-goleiro grená, atualmente no Veranópolis.
Estreia iluminada
Uma história importante escrita naquela tarde de domingo teve a marca do atacante Marcos Paulo. Garoto das categorias de base do Caxias, ele jamais havia ficado sequer no banco de reservas em uma partida profissional. Quis o destino que em seus primeiros toques na bola com a camisa do Caxias, sua carreira tenha tomado um novo rumo.
— Eu lembro com muito carinho daquele jogo. Na semana, eu não esperava que iria ser relacionado, porque tinha apenas 17 anos e era meu primeiro nos profissionais. Mas como o Everaldo era emprestado pelo Grêmio e não podia jogar, fui pro banco — comenta Marcos Paulo, atualmente vestindo a camisa do Monte Azul, líder da Série A2 do Paulistão.
Aos 35 minutos de segundo tempo, perdendo a partida por 1 a 0 e precisando de mais força ofensiva para buscar o empate, o técnico Paulo Porto tirou Caion e mandou a campo Marcos Paulo. Quatro minutos depois, o garoto de 17 anos sofreu uma falta na meia direita e se posicionou na área para o cabeceio. Na cobrança de Juninho Aguiar, Marcos Paulo se antecipou a marcação de Gilberto Silva e empatou o confronto.
— Quando o professor Paulo Porto me chamou, foi uma felicidade tremenda. No primeiro toque na bola, sofri a falta. Fui para a área e fiz o gol de cabeça. Primeiro jogo e primeiro gol, não sabia nem como comemorar. A partir daí começaram a olhar pra mim de forma diferente e joguei mais. Ao marcar um gol em um jogo daquele tamanho, viram que eu tinha uma carreira pela frente. Depois daquilo tudo mudou — disse Marcos Paulo.
Com a vitória sobre o Grêmio, o Caxias se classificou para a final da Taça Piratini diante do Novo Hamburgo, que eliminou o Juventude na outra partida. No duelo no Estádio do Vale, vitória e título grená, mais uma vez nos pênaltis. Na finalíssima do Campeonato Gaúcho, após o empate em 1 a 1 no Estádio Centenário, o Caxias saiu na frente, porém levou a virada do Inter no Beira-Rio, perdeu por 2 a 1 e ficou com o vice-campeonato.