O que faz com que um clube de futebol tenha mais torcedores e promova o engajamento da comunidade? Conquistas, títulos e acessos, dirão alguns. Não estará de todo errado quem sugerir isso, mas o Juventude também está fazendo isso através de algo muito mais representativo: o exemplo. Mais do que isso, consegue se posicionar como uma instituição que busca fazer a diferença na vida das pessoas. Foi com esse intuito que foi criado o projeto social Virando o Jogo, em parceria com o Centro Cultural Espírita Jardelino Ramos.
O Juventude já trabalhava de outras formas, há algum tempo, com alternativas de ajudar as crianças de comunidades mais carentes da cidade. Porém, desde agosto deste ano, o encontro entre o clube e a entidade fez com que mais de 120 crianças e adolescentes, entre seis e 15 anos, pudessem receber o apoio das instituições.
— Como nosso trabalho é preventivo e pró-ativo, o Virando o Jogo veio a agregar muito com as atividades que a gente fazia, no sentido de mostrar que existem três pilares: disciplina, educação e organização. Então, as crianças têm entendido, através do esporte, que eles precisam ter mais disciplina, ter mais organização, e isso é uma mudança enorme na vida deles — afirma a coordenadora pedagógica do Jardelino Ramos, Elisa Azambuja.
Na instituição, que leva o nome do bairro, as crianças têm atividades todos os dias da semana. Mas, as segundas-feiras, quando ocorrem as ações do Virando o Jogo, são especiais. Logo no início do turno da entidade (que ocorre no contraturno escolar), os jovens são buscados no Jardelino Ramos por um dos ônibus da equipe alviverde. De lá, vão para o CT do Juventude, no bairro Rosário. As ações são realizadas no ginásio de grama sintética, onde o esporte é só uma das partes da ação.
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Na chegada, um lanche é distribuído para as crianças. Com o trabalho de comunhão do espaço e da alimentação, o clube começa logo cedo a mostrar o principio de seu projeto.
— Através do esporte, de um clube de futebol, se proporciona à criança uma expectativa de um ambiente totalmente diferente daquele que ela vive. Então, o Juventude sente a necessidade de que ele não pode ser invisível para as crianças. Algumas vêm praticar o esporte. Mas esse projeto não é para formação de jogador de futebol. Se algum tiver essa aptidão, a gente encaminha para as escolinhas. Mas nosso princípio é a formação de cidadãos — afirma o diretor de eventos do Juventude e idealizador do projeto, Raul Segalla.
Em jogos da Série C, as crianças puderam acompanhar as partidas de pertinho, no Estádio Alfredo Jaconi. Em outros momentos, como na Feira do Livro, os jovens fizeram visitas e vivenciaram um mundo que nem sempre chega nas comunidades.
Além do acréscimo para o Ju, com a inclusão do clube no cenário de apoio social, o Virando o Jogo tem um papel de extrema relevância para o Centro Cultural Espírita Jardelino Ramos.
— É como se a gente ganhasse um dia. O investimento que nós faríamos na segunda-feira, acabamos diluindo em outras oficinas, da terça a sexta – afirma o presidente do centro, Fábio Pizzamiglio.
O projeto é uma via de mão dupla, entre quem precisa e quem quer ajudar.