Qual a principal função de um projeto social, se não abrir oportunidades e desafios para quem participa? Na área esportiva, este tipo de ação pode ser um meio ainda mais inclusivo.
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O Projeto Brilhar, idealizado e liderado pelo ex-jogador do Juventude Manoel Silva Ferreira, ou simplesmente Ferreira, é um exemplo típico da importância que existe em trabalhar e valorizar a gurizada nas mais diferentes atividades.
Utilizando o futebol como sua principal ferramenta, o projeto chega a 170 crianças e adolescentes de três comunidades do interior: São Luiz, na 6ª Légua, Fazenda Souza e Vila Oliva. A principal modalidade esportiva do mundo atrai a atenção e faz os menores sonharem.
Ana Cristina Weber da Silva, de 13 anos, viu tudo mudar, em um ano participando do Brilhar. De excluída dos jogos na escola de Fazenda Souza, ela tornou-se a primeira escolhida na divisão dos times. Um processo de evolução conquistada junto ao “professor” Ferreira.
– Quando comecei (a jogar futebol), os guris da minha escola não aceitavam que eu jogasse. As professoras até me incentivavam, só que eu ficava triste, para baixo. Aí eu conheci o projeto, em maio do ano passado, e o Ferreira me aconselhou bastante: “tu vais conseguir, vai para frente e ser jogadora”. Comecei a me motivar mais. Agora, na escola, eles disputam em que time eu vou jogar – relembra a menina.
E uma coisa que se pode afirmar neste processo de Ana Cristina é de que foi um ano muito intenso. Além de superar o preconceito na escola, ela também teve que passar por cima de uma doença cardíaca, e suportar três meses longe da sua atividade preferida, que é jogar futebol.
– Esse ano ainda descobri que tinha um problema no coração, em março. Fiquei três meses parada, sem jogar, e aquilo desabou comigo, sabe. Fui no médico e ele falou que eu tinha arritmia cardíaca. Fiz a cirurgia, fiquei mais um tempo sem jogar e agora eu voltei – relembra Ana.
Ela voltou com todo pique, e agora ainda mais determinada a fazer do futebol seu meio de vida. Inspirada na rainha Marta, a adolescente quer chegar ao profissional e, quem sabe, poder realizar essa aspiração num momento onde a desigualdade entre o masculino e feminino seja menor. Afinal, a modalidade traz não apenas a felicidade momentânea de estar em campo, mas os desejos para um futuro melhor:
– (O futebol) É tudo. Eu tento me esforçar ao máximo, mesmo não conseguindo às vezes. É tudo o que eu quero na minha vida. Imagino ajudar a minha família e a minha mãe a conquistar os sonhos dela.