Para as crianças atendidas pelo Virando o Jogo, as atividades no CT do Juventude são sempre uma oportunidade de conhecer algo novo e de desenvolver características de mobilidade e cognição, algo que nem sempre o espaço da entidade permite. Como atende crianças e adolescentes de 15 escolas, o Jardelino Ramos acaba recebendo pessoas com histórias e sonhos diferentes. No caso de João Gabriel Borges dos Santos, de 10 anos, o desejo é bem claro:
– Eu quero ser jogador de futebol, para que tudo que minha mãe quiser eu possa dar para ela. E também quero jogar futebol para brilhar no mundo inteiro– diz o menino, que já foi inclusive recrutado para as escolinhas do Juventude.
Mesmo que nem todos nutram o mesmo sonho de João Gabriel, ainda assim o Virando o Jogo mudou a rotina e o ânimo da garotada.
– A expectativa de toda segunda-feira é vir para o CT. O índice de assiduidade, pode-se dizer, é de 90%. Eles adoram vir para cá e já têm o Juventude como time do coração deles. Isso é bacana. Então, eles amam muito vir para esse trabalho, para esse esporte e acredito que isso agregou muito na vida deles. Impactou também nos familiares, que têm mostrando através de reuniões que o filho mudou depois que começou no esporte. O Virando o Jogo veio só a agregar na vida dessas crianças e no nosso trabalho também– comemora Elisa.
Professores destacam evolução no comando das atividades
No CT, as atividades têm o acompanhamento dos educadores do Jardelino Ramos, mas são desenvolvidas pelos professores das categorias de base do Juventude. Além das situações específicas do futebol, são trabalhados pontos de motricidade e desenvolvimento da coordenação motora.
– A minha parte é a mais divertida. Saio daqui renovado. A cada dia de atividade com eles, é um ânimo novo. São crianças com muito amor, afetividade e que gostam de estar aqui. Todo dia a gente tenta criar desafios novos na questão motora. É um prazer para quem participa, e para nós também – diz o coordenador das escolinhas de futebol do Juventude, Jonas da Rosa, que valoriza a importância das atividades para os jovens treinadores do clube:
– Digo sempre que os professores devem passar pelos projetos sociais, porque realmente nos mudam. A gente sai daqui vendo a dificuldade de alguns meninos e a oportunidade para aquelas crianças. Acho que quem trabalha com competição e alto rendimento deveria passar por esse processo, porque nos molda e faz sermos mais compreensivo. Faz entender mais as dificuldades e nos dá oportunidades de buscar formas novas para desenvolver isso.
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Se o menino João Gabriel conseguirá ser um jogador de futebol, somente com o tempo para sabermos. Mas, o cidadão João Gabriel sabe que, caso realize seu sonho, tentará retribuir a quem o estendeu a mão:
– Quero jogar primeiramente no Juventude, que sempre me ajudou. Depois, vou vendo. Vou para a Europa, se Deus quiser.
O Virando o Jogo começa a mudar ainda mais a vida das crianças do Jardelino Ramos, e de quem faz parte do projeto. Toda a receita destinada à parceria vem dos sócios e conselheiros do clube alviverde, que se dispõem a ajudar. Em 2020, a ideia é ampliar para comunidades do interior da cidade.
Ao virar o jogo de tantas crianças, o Juventude dá um grande passo para mostrar como se constrói mais do que torcedores, mas pessoas melhores, independentemente de qual camisa vistam.