O cavalo do Tarcisão
O apelido do Imperatriz, O Cavalo de Aço, se deve ao nome de uma novela exibida pela Rede Globo no ano de 1973. A trama, de autoria de Walther Negrão, tinha como protagonistas Tarcísio Meira, Glória Menezes, Betty Faria e Carlos Vereza.
Pois a alcunha dada para o time maranhense caiu muito bem com uma característica da cidade. Assim como no folhetim das oito, Imperatriz é tomada pelas motos. Segundo contam as pessoas da cidade, houve um movimento para liberação de um benefício há alguns anos para a aquisição de motos, mesmo para quem tivesse com o crédito negativado. Então, veio a enxurrada dos “cavalos de aço”. A estimativa é de que haja, em média, duas motos por residência em Imperatriz.
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A novela, lamentavelmente, jamais será vista novamente. Um incêndio na sede da Globo, no Rio, queimou as fitas que continham a produção.
Surpresa, inclusive aqui
A alegria de chegar nas quartas de final da Série C contagiou a cidade maranhense. Segundo contaram profissionais da imprensa local, a expectativa de classificação do Imperatriz à segunda fase era algo quase inimaginável no início da competição. O time vinha da Quarta Divisão e sem grandes contratações.
Com equipes no Grupo A com mais tradição e “camisa”, se cogitava como destino ao campeão maranhense de 2019 o rebaixamento à Quarta Divisão. Porém, com as rodadas sendo sempre favoráveis para o time local, o sonho virou realidade, e o Imperatriz passou de fase.
O Cavalo de Aço deixou para trás clubes como Santa Cruz-PE, ABC-RN, Treze-PB e Botafogo-PB. Para uma equipe que segue crescendo no cenário nacional, chegar tão longe na competição nacional já é uma grande conquista.
O ótimo público na noite de segunda-feira só referendou o tamanho do orgulho da cidade.
Não encarei a panelada
Em várias regiões do país, há pratos típicos que são levados para as portas dos estádios e se tornam uma tradição. Em Minas Gerais, por exemplo, o feijão tropeiro é um sucesso. Em alguns estados do Nordeste, o baião de dois é um clássico.
Pois aqui em Imperatriz ouvi falar desde o sábado da famosa panelada no Frei Epifânio. Logo na chegada ao estádio, já observei várias plaquinhas – umas mais profissionais e outras improvisadas – anunciando o quitute.
Alguns vendedores já trazem a panelada pronta em potes. Outros comercializam na panela mesmo, como o nome do prato sugere.
À primeira vista, parecia um mocotó, que ao meu gosto, cai bem nos dias frios. Perguntei sobre os ingredientes, quando a atenciosa senhora disse:
– Bucho, tripa e pata de boi, coloca sal e cebola, põe na pressão e deixa cozinhar.
Ainda pude observar que tinha azeitona e ovo cozido na mistura da panelada. Confesso que faltou coragem para comer, com o adendo de um calor de quase 40°C às 17h. A atenciosa vendedora, tentando me convencer, argumentou:
– O povo diz que quem vem em Imperatriz e não come panelada, não veio para a cidade.
Vir para Imperatriz eu vim, mas a panelada eu não consegui encarar.