A Serra Gaúcha tem um representante na Seleção Olímpica que disputará amistosos no Brasil. Trata-se de Roger Ibañez, 20 anos, zagueiro que é natural de Canela. Ele foi convocado pelo técnico André Jardine no último dia 16 de agosto. Ele vai participar de testes diante da Colômbia e Chile, na quinta-feira (5) e na segunda-feira (9), respectivamente, no Estádio do Pacaembu.
— Quando saiu a notícia, eu estava no treino. Quem ficou sabendo primeiro foram meus pais e meus empresários. Quando eu saí do treinamento, peguei meu celular e estava cheio de mensagem me parabenizando pela convocação. O coração foi a mil. Fiquei sem reação durante um momento, depois a ficha caiu — afirmou Ibañez.
Roger Ibañez da Silva, atualmente, defende a Atalanta, da Itália. Porém, antes de chegar à Europa teve sua trajetória por clubes menores e até um grande do futebol brasileiro. Ele começou no futebol aos 16 anos, nas categorias de base do GAO (Grêmio Atlético Osoriense).
Posteriormente, treinou no Real, de Capão da Canoa, e depois jogou pelo PRS, de Garibaldi, a Copa Larry Pinto de Faria. Ainda teve uma passagem pelo Sergipe, antes do retorno ao PRS para jogar a Terceirona Gaúcha de 2017. Foi quando surgiu a negociação com o Fluminense, onde ficou por duas temporadas e disputou o Campeonato Brasileiro do ano passado.
No clube carioca, despertou o interesse da Atalanta, da Itália, onde está hoje e tem contrato até 2022. No clube italiano, nesta temporada, irá disputar a Liga dos Campeões. Antes, terá a primeira oportunidade com a camisa da Seleção.
— É um sentimento de que tudo que fiz até hoje está se concretizando através da convocação. É de dever cumprido. Para todo o jogador esse é o melhor momento na vida — disse o jogador.
A trajetória rápida
Ainda pequeno, Ibañez acompanhava o pai Rogério nas partidas de futebol. A partir dali, começou o incentivo para começar a jogar.
— Quem me motivou muito foi meu pai, Rogério. Quando ele ia jogar bola, estava sempre junto correndo atrás. Ele sempre apoiou desde o início. Assim começou tudo. Só pensava em jogar bola o dia todo — lembra.
Depois do pontapé inicial, aos 16 anos, uma trajetória rápida até chegar na Itália. Foram quatros para alcançar o sonho do futebol europeu.
— A transição foi rápida. Um dia eu estava jogando pelo Fluminense, recebi a notícia que estava vendido. Foi tudo muito rápido. A Atalanta ofereceu uma estrutura tremenda e isso ajudou a se adaptar. Quanto ao futebol, é totalmente diferente. É um jogo mais rápido, com muita inteligência. Os primeiros seis meses aqui, foram de bastante aprendizado — define o defensor, que ainda avalia o crescimento do seu futebol:
— Está sendo muito bom. Muito aprendizado e experiência. É totalmente diferente do futebol brasileiro, a gente tem que se adaptar. É muito bom e está sendo um momento importante na minha vida — disse Ibañez, que teve uma trajetória muito rápida até chegar na Europa e na Seleção:
— É verdade. Eu paro para pensar nisso toda hora. Foi um estalar de dedos, mas eu trabalhei muito para isso. Tive muito foco e fé. Não foi sozinho e graças a Deus deu tudo certo. Foi muito rápido mesmo, questão de um ano, do PRS ao Fluminense, da Copa Larry Pinto à Série A do Brasileiro. Às vezes, até paro pra pensar.
Toda trajetória apresenta dificuldades e obstáculos. Com Ibañez, não é diferente. O jogador, inclusive, já passou fome. Isso aconteceu quando foi atuar no time do Sergipe.
— Passa um filme. Estar longe da família, quando tu mais precisas não tem ninguém do teu lado. Acho que o período mais difícil da minha carreira foi no Sergipe. Lá, foi a primeira vez que eu saí de casa mesmo. Passei quatro meses e não foram muito legais. Cheguei a passar fome. Foi a parte mais difícil. Eu digo que ali foi a provação se era pra ser ou não. Foi algo complicado. Eu não gostava muito de recorrer à família, não gostava de ligar para pai e mãe para contar isso, porque a preocupação seria muito grande. Lá, eu me criava do meu jeito. Mas isso aí já passou — lembra.
Do meio-campo à zaga
Hoje, um zagueiro com a carreira promissora. Mas um dia Ibañez já atuou no meio-campo. Ele começou como volante, passou por um processo de transição e virou defensor. Técnico e forte na marcação, acredita que a mudança foi positiva:
— Pra mim foi tranquilo. Eu já tinha jogado no meio-campo, onde é mais congestionado e precisa pensar mais rápido. Quando vai pra zaga, vê o jogo todo de frente. Tu consegues ver o jogo melhor. Então, é mais fácil. Foi diferente, porque nunca tinha jogado na zaga.