Na história, a glória e a grandeza dos clubes de futebol são feitos de vitórias e dos seus torcedores. Porém, a paixão que é nutrida nas arquibancadas passa muito pelos jogadores que representam a camisa do time ou o que a levam para outros centros após a saída do time de origem. No Esportivo, vários jogadores marcaram época pelo alviazul, enquanto outros tiveram na equipe de Bento Gonçalves o pontapé de partida para voos mais altos no mundo da bola.
Dentre os milhares de atletas que vestiram a camisa do Esportivo, no entanto, nenhum usou mais o uniforme alviazul do que Toninho Fronza. O ex-lateral entrou em campo pelo time da sua cidade natal em 460 oportunidades. Conhecido pela precisão nas cobranças de faltas, Toninho viveu na Montanha a época de consagração daquela que, no período, era considerada a terceira força do futebol gaúcho. Acompanhou das categorias de base o surgimento do time campeão do interior no início da década de 1970, até subir para o profissional e ganhar o mesmo título em 1976 e ser vice do Gauchão de 1979.
— É uma honra ter participado do clube nesta época. É muito bom estar na história do Esportivo — afirma Toninho, lembrando sua chegada à Montanha:
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— Surgiu de um convite do falecido Vanil, que era zagueiro do Esportivo e meu professor de educação física. Um dia ele veio dar aula, me viu treinando e entregou um papel. Me disse: “vamos encarar o futebol”. Fui e assim comecei no time.
Da mesma época, despontou um ícone do Esportivo. Raquete marcou uma geração inteira nas décadas de 1970 e 1980. Além do sucesso como jogador, o antigo defensor sempre teve participação ativa na vida do clube. Em 1987, por exemplo, foi técnico da equipe campeã do interior do Gauchão. Para o ex-atleta, o Tivo e o município têm histórias que se misturam:
— Vou te falar uma verdade: o Esportivo foi quem alavancou o nome de Bento Gonçalves. Ninguém conhecia quase. O time e a Fenavinho começaram a mostrar a cidade.
Do período em que jogou, Raquete recorda das vezes em que o time da Montanha surpreendia os grandes do Estado.
— Na época, o Lauro Quadros e o Paulo Sant’ana faziam os comentários no Jornal do Almoço e davam o Esportivo como zebra. Nós jogamos em Porto Alegre e ganhávamos. Contra o Inter, ninguém ganhava lá e nós fizemos 2 a 0 (primeiro time do Interior a vencer no Beira-Rio). Na loteria esportiva, a dupla Gre-Nal tinha 80% das apostas e o Esportivo, com 5%, ia lá e ganhava — lembra Raquete, que se diz honrado por ter tanta representatividade no clube:
— É muito orgulho. Primeiro, eles se lembram muito de mim porque eu era um jogador viril. E tinha que ser, porque só marcava caras bons. Do Inter, por exemplo, pegamos o time campeão brasileiro invicto, em 1979. Eles vinham no Estádio da Montanha e era difícil de nos ganhar. Se conseguiam, era de 1 a 0, porque ali era a Bombonera em Bento Gonçalves.