O triatlo é muito exigente e pode ser resumido em uma palavra: superação. Por mais que a paisagem fosse sensacional, nadar 3,8km no mar aberto de Jurerê Internacional, pedalar 180km do norte ao sul da ilha de Florianópolis e correr mais 42km pelas ruas tranquilas de Jurerê foi um feito para o caxiense Vinícius Silvestrin.
O desgaste físico e psicológico é algo que poucos conseguem suportar, imagine então com o pulso em recuperação de uma fratura ocorrida há 15 dias da prova.
Foi com esse contexto que o caxiense de 35 anos completou, no dia 26 de maio, o Ironman Florianópolis, em 9h12min. Com o resultado, Silvestrin garantiu uma vaga no Mundial em Kona, no Havaí, em 12 de outubro. Uma façanha e tanto para quem passou anos em busca desse momento, e finalmente poderá se realizar como o primeiro atleta caxiense amador a competir na ilha norte-americana.
— Foi épico! — resume Silvestrin, que complementa sobre os fatores que considerou fundamental na prova:
— Depois da fratura, eu tirei o peso de buscar o resultado e a vaga. No dia, só me preocupava com o braço. Não estava na minha melhor condição, porque nas três semanas que antecederam eu fiz muita fisioterapia e treinei pouco. Larguei sem compromisso, porque sabia que estar ali já era um presente. Eu sei o quanto é difícil com o corpo preparado e 100% e não estava nessa condição. Deu tudo certo. Bati meu recorde pessoal na bike e na corrida, e de quebra veio a vaga.
Busca incessante
Silvestrin é fisioterapeuta, reside e trabalha em Porto Alegre. Mas o sonho de chegar ao Mundial começou há muito tempo, ainda quando vivia na sua cidade natal, Caxias do Sul. Em 2013, ele participou da sua primeira prova, incentivado pelo amigo Roger Weingartner. Desde então, o esporte entrou na sua rotina e com ele a obsessão por chegar à disputa no Havaí.
A busca se intensificou nos últimos dois anos, mas ele só ficou realmente perto da vaga em 2017, quando cruzou a linha final um minuto acima do índice, na Argentina. Silvestrin não desistiu e chegou a Floripa nesse ano cheio de problemas. Faltando 20 dias, ele caiu de skate na Orla do Guaíba, durante o day-off (dia de descanso dos treinos para o corpo recuperar). Só restava ser forte emocionalmente.
— É 70% mental. Tem que saber tolerar a dor, porque vai doer. A gente brinca que vai para o céu e o inferno mais de duas vezes na prova, tem que saber tolerar isso. Tem que estar bem preparado, treinar certinho e se dedicar — destaca.
Com a vaga garantida, o caxiense começa em breve campanhas para captar apoio financeiro. Vinícius estima que será necessário cerca de R$ 20 mil para participar do evento, envolvendo custos com passagens, estadia e inscrição. Para isso, fará uso de uma vaquinha online na plataforma Alster – dedicada ao esporte. Não falta muito tempo, por isso o foco é nas duas frente para estar entre os melhores.
— O desafio é enorme, só vão os melhores do mundo. É uma prova dura, muito quente e chega a correr perto do vulcão, onde tem pouco ar. Vou para dar o melhor e “performar”. Será uma batalha dura. Por isso a gente conta com o apoio de todos. A gente não faz um sonho sozinho — finaliza.
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