Ele não é mais um garoto, mas tem no espírito aventureiro um ingrediente extra para levar a vida de forma diferente. Em percursos marcados por subidas e descidas, trechos não pavimentados, buracos, lama, rios congelados e com a natureza se fazendo presente em praticamente todas as provas, o caxiense Mário Moschen, 68 anos, desafia os limites do seu próprio corpo a cada passo dado nas montanhas pelo mundo afora.
Morador do bairro de Galópolis, Moschen percorreu neste mês de dezembro os 110km da prova La Mision, na Argentina, em 33h32min. O fato de completar o percurso já seria algo para comemorar. No entanto, ele foi além. Isso porque foi o único da sua categoria, acima dos 60 anos, a concluir a “missão”. Nos últimos metros, as dores, principalmente no ombro, se tornaram inevitáveis e o cansaço era natural. Mesmo assim, a alegria transbordou com mais uma meta atingida.
– Foi uma prova muito dura. Sem dúvida foi a mais difícil em que competi. A parte mais marcante é a passagem por dentro de rios gelados, que ocorreu 67 vezes durante o percurso, com água do joelho para cima. Fiquei com os tênis molhados por cerca de 40km – relembra o ex-comerciante.
De filho para pai
A história de Moschen com a modalidade começou em 2013, por incentivo do filho, Gustavo Munaro Moschen, atualmente com 40 anos, e que já era praticante. Antes disso, o aposentado só tinha como hábito andar de bicicleta. Porém, a descoberta mudou o sentido da sua vida.
Hoje, o esporte se tornou um ponto de união de toda a família e uma forma de construir novas amizades. Mário sempre conta com o apoio da sua fiel escudeira, a esposa Maria Munaro Moschen, 72, que sempre está nas competições e, muitas vezes, até se arrisca na participação de alguns treinos.
– Começou em 2013, quando meu filho iria participar de uma prova na Argentina e me convidou para disputar também. Naquela época, treinei por um mês para fazer o percurso de 45km. Acabei a prova, fui muito bem e gostei demais. A partir daí, comecei a treinar mesmo.
Desde então, em cinco anos, o caxiense disputou 21 provas e guarda em um espaço da casa (foto abaixo) as medalhas, equipamentos e lembranças de cada uma delas. Algumas foram no Brasil e outras no exterior. As mais marcantes, além da própria La Mision, foram as etapas do Indomit e a prova de Mont Blanc, na França, em 2017.
Aliás, em 2019, a grande meta do atleta caxiense é voltar a disputar a prova francesa. No entanto, o caminho até lá não será nada fácil. Isso porque, por ser uma prova muito prestigiada, é necessário passar por uma seleção por sorteio.
Com os bons resultados de 2018, Moschen entrará com duas cotas na busca por uma vaga, o que aumenta consideravelmente a sua chance de voltar à prova na Europa.