Manter uma equipe de alto rendimento no vôlei não é tarefa fácil. Ainda em 2010, a UCS necessitava de um aporte de R$ 1 milhão, oriundo de empresas privadas, para conseguir manter o time. Em matéria publicada pelo Pioneiro, na confirmação de encerramento do projeto, a projeção era de que os dois patrocinadores, a Fátima Saúde, de Caxias, e a Medquímica, empresa de Juiz de Fora-MG, aportavam 50% deste valor.
A Universidade havia instituído uma nova política de investimentos e não colocaria dinheiro em projetos de alto rendimento. À época, sequer haviam recursos por leis de incentivo, como lembra Bonone:
— Naquela época a lei de incentivo estava engatinhando, mas ela te coloca dificuldades por não permitir o pagamento do salário dos atletas. Então, isso acaba dificultando. Se parar para analisar, a maior despesa das equipes está relacionada com a folha de pagamento. Competições como NBB e Superliga dão alguns subsídios. Na época do vôlei, tínhamos passagens de avião pela Gol e recebíamos até 90 bolas para treinamento. Coisas assim. O maior gasto era justamente para montar uma equipe competitiva. Aí é preciso ter bala na agulha.
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Em Bento Gonçalves, as empresas retiraram os recursos conforme a crise no país foi se estendendo. Até o ponto que restou apenas a Isabela e não se tinha o valor mínimo para disputar uma competição que envolve contratos de 10 meses.
— Para ter um time competitivo e chegar entre o quinto e sexto lugar, que obtvimenos em 2015, é preciso de R$ 2 milhões (R$ 200 mil mensais). Isso para contratar atletas e fazer um trabalho adequado. Na última Superliga (2016/2017) nós executamos com R$ 1,3 milhão e foi um time para se manter e tentar uma classificação à segunda fase — destaca Rizzi.
O problema não se resume na busca por valores. Convencer o empresariado do retorno ao investir no esporte é uma missão complicada. Para Bonone, os argumentos esbarram até nas coberturas das partidas.
— Estava lendo muitos comentários sobre a saída do Caxias Basquete. Claro que as pessoas tem um certo desconhecimento, mas não podemos colocar tudo na conta de Marcopolo, Randon e Prefeitura. Acho que o cenário do esporte nacional é complicado para os considerados amadores, exceto o futebol, justamente pela exposição. Há uma série de restrições em alguns canais de televisão que não citam o nome da equipe. Por exemplo, nunca éramos chamados de UCS e sim de Caxias do Sul. Isso dificulta bastante. Algumas regras impostas pelas ligas e federações complicam a aproximação de mais marcas. As empresas querem visibilidade, elas estão colocando dinheiro e querem o marketing do negócio – opina.