A localidade de Loreto fica cerca de 20km do centro de Caxias do Sul e já se torna um celeiro de talentos para o vôlei da cidade e do Brasil. Em menos de sete meses, já teve duas convocações para a seleção brasileira de base – uma para a feminina sub-15 e agora para masculina sub-19. Casualmente, ambas saíram da mesma casa, dos Perini. Em dezembro, Fernanda foi convocada para treinar em Saquarema, no Rio de Janeiro. Desta vez, foi o irmão Vinícius.
Ele se apresentou no litoral carioca na segunda-feira para um período de 15 dias de treinamentos. Este tempo servirá para o técnico Fabiano Ribeiro, o Magoo, observar os meninos e formar o time que disputará o Sul-Americano da categoria, em setembro, na Colômbia.
A ida de Vinícius para a seleção está diretamente ligada à irmã. Até os 15 anos, ele era jogador de futebol. Dos 12 aos 14 treinou no Juventude, como goleiro. Sem atuar, foi para a escolinha de futebol do Santa Lúcia. Mas o exemplo caseiro o fez repensar.
— Minha irmã comentava para vir jogar, mas eu não me atraía. Um dia vim ver ela treinar e me convidaram. Meus pais também começaram a falar sobre isso, eu comecei, gostei e mudei do futebol para o vôlei — conta Vinícius.
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Bem verdade que ele já era um desejo da Apavôlei/UCS. Quando a menina começou a treinar, no início de 2016, os professores já sabiam que ela tinha um irmão e de estatura parecida. Enquanto Fernanda tem quase 1m90cm e 14 anos, ele está com 2m05cm e fará 17, em julho.
No mesmo ano que a irmã, Vinícius ingressou no vôlei. Os professores fizeram a sua parte para conquistar o jovem – com duas semanas de treinos, já foi jogar um campeonato em Porto Alegre – e deu certo.
— Era estranho, porque nunca tinha tido contato nenhum com o vôlei. Foi um pouco difícil me adaptar aos movimentos, mas até pelo futebol tinha facilidade no controle corporal, e facilitou a adaptação — conta o jovem, que joga como central.
Evolução contínua
O começo tardio de Vinícius no vôlei chama a atenção. Sem atuar por categorias inferiores, ele treina muito forte para continuar evoluindo.
— O auxiliar técnico da seleção brasileira infanto foi ver o Vinícius no Estadual. Ele veio conversar comigo e disse que não está abaixo de quem está treinando lá. São 14 convocados e 12 convidados. O Vinícius foi convocado. Foi uma surpresa — relata o técnico Giovani Brisotto.
A rotina de atividades é puxada. Além das aulas na Escola Estadual Abramo Pezzi, ele treina na UCS quatro vezes por semana.
— Moro um pouco afastado de Caxias do Sul. Acordo 5h45min, venho para a escola, volto para casa e venho para a UCS. Chego em casa perto perto das 23h e vou dormir meia-noite. É um pouco puxado, mas a vontade é maior — relata o jovem.
A convocação é uma espécia de prêmio pelo empenho. A conquista surpreendeu Vinícius, o treinador e a família. Ainda que tardio, o menino evolui constantemente e tem tudo para se tornar um jogador profissional. Exemplos não faltam.
— O Eder Carbonera (central campeão olímpico em 2016) começou aqui com 15 para 16 anos. Era atleta de natação e veio para o vôlei por indicação de um colega. Apareceu aqui, teve que atropelar um processo também. O (Roberto) Minuzzi começou a jogar aqui com 17. A gente sabe que dá — lembra Brisotto.
Serão 15 dias para o menino dar um passo ainda maior para realizar o sonho de ser um atleta profissional.
Nathan é outro serrano
Além do jogador da Apaavôlei/UCS, a Serra Gaúcha também estará representada na seleção sub-19 pelo ponteiro Nathan Mota Krupp, do Projeto Vôlei Nova Petrópolis. O atleta, natural de Gramado, integra a equipe desde 2013, quando tinha apenas 12 anos, na categoria mirim. Pelo time serrano, foi campeão estadual sub-16, em 2015, e do sub-18, no ano passado.
Tanto o “Voleibol Nova Petrópolis – Revelando Novos Talentos” como a equipe da Apaavôlei/UCS são projetos financiados via Pró-Esporte/RS, onde, por meio de lei, parte do ICMS das empresas é destinado para fins culturais e esportivos.