O Centro de Convivência Capuchinhos (CCC) viu o jogo de uma forma bem diferente, ontem à tarde. Os 35 idosos atendidos pela instituição ganharam a animação e a companhia de 15 adolescentes do Grupo de Jovens Amor em Movimento, do Colégio São José. A festa foi completa, com adereços, músicas, lanche e comemoração nos dois gols brasileiros. Acima de tudo, a interação entre gerações. Jovens entre 14 e 16 anos, com brasileiros que já viram muitas Copas nos seus mais de 60 anos.
Mesmo antes de começar a partida, a dona Laura Valim, de 72 anos, já esbanjava otimismo com a Seleção.
— Aposto num 3 a 0 — disse ela.
Na sala onde uma TV mostrava a partida, os gritos eram intensos. A cada ataque brasileiro, eles intensificavam com a esperança de um gol de Neymar. Os poucos segundos em que a TV perdia espaço, eram nos quais chegavam os sacos de pipocas distribuídos pelos jovens. Entre os mais animados, estava o seu Darci Fernandes Machado. Ele não fala, mas demonstrava a alegria deste momento dançando a todo momento.
— Para eles é incrível essa interação. Conseguimos ver no rostinhos deles como fazem bem essas visitas — destaca Danielle Rech, coordenadora do CCC.
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Nem tudo era festa, os ataques sérvios também preocupavam. Mas o lançamento de Coutinho, a arrancada de Paulinho e o gol, aos 35 minutos da etapa inicial, acabou com qualquer temor. A celebração aumentou. No intervalo, o lanche proporcionado pelos jovens e as músicas animaram o ambiente. Um dos mais empolgados era Clodoveu Borges Lima, de 61 anos:
— Está se saindo bem, estamos ganhando. A Copa é nossa — arrematou.
Dona Laura fez questão de avisar:
— Já fiquei feliz com o gol, mas quero mais.
E o pedido foi uma ordem. No segundo tempo, aos 22, Thiago Silva aproveitou a cobrança de escanteio de Neymar para ampliar: 2 a 0. Festa do Brasil, festa no Centro de Convivência. A Seleção de Tite está classificada às oitavas de final. Porém, no fundo, o resultado pouco importava na tarde de ontem. Pelo menos para aquele grupo.
— É muito melhor a ação sempre. Nem se o Brasil estivesse perdendo, mas a festa seria a mesma — revelou Gabriela Cordeiro, de 16 anos.
A visita foi ideia da professora de Ensino Religioso do São José, Lorita Menegon de Souza. Ela lidera o Movimento e propôs uma ação acolhedora durante um jogo do Brasil:
— Dessa vez desafiei eles para assistirmos o jogo com quem, por vezes, a sociedade acaba esquecendo, os idosos — conta a profe.
O Centro de Convivência Capuchinho fica no Bairro São Caetano e atende idosos, acima do 60 anos, em situação de vulnerabilidade. Eles chegam às 8h e tem atividades diárias, na grande maioria de integração com a sociedade. A entidade faz parte da Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (Lefan).