— Este ano não vim nesta sala, só passei naquela porta.
A frase é do volante Lucas, sexta-feira, na sala de imprensa do Juventude, enquanto apontava a porta que dá acesso. Fazia muito tempo que o jogador não concedia entrevistas. Fazia muito tempo também que ele não frequentava o Estádio Alfredo Jaconi, mesmo tendo contrato até o final deste ano. O dia foi emblemático na carreira do atleta.
Foram seis meses afastado dos vestiários. Dos gramados, esse período vai além: desde 20 de outubro de 2017, na derrota para o Guarani por 2 a 0 no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Sete meses.
O volante caiu no doping com a substância isometheptene. Ela é encontrada em remédios para dor de cabeça, como Doralgina. Ele fez uso do medicamento e o exame após o jogo com o Vila Nova, em 18 de agosto do ano passado, apontou análise adversa. Em março deste ano, Lucas acabou julgado e punido: um ano sem jogar. Faltando 90 dias para fechar o período, ele está liberado para treinar, e isso trouxe sensações novas.
— Na real, até comentei com o Tony (volante), que temos uma amizade de longa data, que parecia a primeira vez que estava entrando dentro de um vestiário. Nunca tinha passado por uma situação dessas — disse o jogador.
Foram meses difíceis para o atleta, impedido de realizar sua atividade. Momento que, segundo ele, foi de muito aprendizado. O suporte veio do seu porto seguro.
— Foi um momento muito difícil, que a gente pensa coisas negativas pelas primeiras notícias que recebi. Sempre ouvi falar que doping seria dois ou três ano sem jogar. Acredito que iria acabar com a minha carreira. Mas, um mês depois de receber a notícia, fui para casa e isso foi muito importante. Chegando lá, meus pais sentaram comigo e é sempre bom ouvir o que eles falam para nós — conta o jogador.
90 dias até a reestreia
Lucas ainda terá 90 dias antes de ser liberado para jogar. Sexta-feira ele retornou ao convívio do vestiário, mas agora começa um outro processo. Lucas pode voltar a jogar no dia 18 de agosto. A tendência é que seja contra o Oeste, na 21ª rodada, fora de casa, ou na partida seguinte, diante do Boa Esporte, no Jaconi. Isso depende da confirmação das datas dos confrontos do segundo turno.
— Vou me dedicar nesses três meses para quando puder jogar. Serão partidas de muito amor e respeito a essa camisa — afirma Lucas
Até lá é trabalho de readaptação. Ninguém desaprende a jogar, mas é preciso recuperar o ritmo. Neste primeiro momento, ele brinca e sorri:
— Espero que não apanhe muito dela (a bola).