O milésimo jogo do Caxias no Estádio Centenário foi também festivo. Não só pela vitória de 3 a 1 sobre o Inter de Lages, que deu ao grená a segunda melhor campanha da Série D, mas pelas recordações. Histórias do passado e que podem inspirar no presente.
A direção reuniu jogadores históricos, torcedores simbólicos e prestou homenagens a quem fez história jogando na casa grená. Do time de 1976, o primeiro a pisar no gramado e que venceu o Inter, de Porto Alegre, por 2 a 1, em 12 de setembro, estiveram presentes Bagattini, Maurinho, Paulo Cezar Tatu e Segatto. O último lembra bem daquela inauguração.
— Foi uma emoção muito grande, o estádio pronto e lotado. Duvido alguém conseguir um lugar para estar no Centenário naquele dia — recorda Segatto.
E a partida de estreia não foi qualquer jogo, afinal era contra o então campeão brasileiro. E, naquela primeira fase, os colorados sofreram apenas uma derrota: justamente a do Centenário.
— O Inter era o melhor time do país. O Osmar fez um gol de falta muito bonito. Depois o Claudinho fez uma jogada bem interessante. Ele dominou na esquerda e, quando o Figueroa se aproximou, lançou a bola no fundo e saiu pela pista (atlética que tinha no Centenário) para fugir da marcação e pegar a bola lá na frente. O Inter queria anular essa jogada. Isso mostra que o nosso repertório era muito diferente de hoje. Vencemos o Inter em um grande jogo e com esse tipo de jogadas que não estão no mapa — conta Tatu, aos risos.
Histórias como essas não faltam para os ex-jogadores. Numa época diferente em que os atletas se enraizavam num clube, Tatu permaneceu sete anos no Centenário e vestiu a camisa do Caxias em 220 oportunidades.
— Eu e o Felipão entramos naquele portão juntos. Só saí daqui em 1980.
Segatto vai além. Com a camisa grená, de Caxias e Flamengo, são 145 jogos. Porém, esta foi apenas uma parte da trajetória do lateral-esquerdo.
— Sou o único jogador que está vivo e jogou nos quatro clubes de Caxias do Sul. Comecei no Juventude, fui para o Flamengo, depois para a Associação Caxias e, por fim, na S.E.R. Caxias — conta ele.
Atualmente, Tatu e Segatto têm expectativas positivas de que o clube possa voltar a viver seus tempos áureos. Em 1976, só existia uma divisão no Campeonato Brasileiro e o Caxias encerrou na 15ª posição da classificação geral.
Em 2018, após o milésimo jogo no Centenário, o clube chega forte ao primeiro dos três mata-matas necessários para chegar ao acesso à Série C e garantir o primeiro passo da retomada nacional.
— O Winck é um bom treinador. Ele está aí desde o ano passado e fazendo um trabalho muito bom para recolocar o Caxias no lugar onde deve estar — opina Tatu.