Antônio Carlos Zago vive seu momento mais difícil como treinador do Juventude. Desde que assumiu a equipe alviverde pela primeira vez, em 18 de agosto de 2015, o técnico já passou por fases difíceis e foi contestado pelos torcedores, mas jamais viveu situação igual a da tarde deste domingo. Na véspera de seu primeiro Ca-Ju à frente do time, ele e os jogadores foram recebidos com protestos no Estádio Alfredo Jaconi. Os gritos de “Fora, Zago” e os tapas dos juventudistas no ônibus do clube ecoaram forte. É o tom pelo lado verde do clássico desta noite.
O principal motivo do protesto é a fraca campanha do time no começo do campeonato. Nem mesmo ano passado, quando o time só se livrou matematicamente do rebaixamento na última rodada, os números eram tão ruins. Sob o comando de PC Parente, nos seis primeiros jogos do Gauchão 2017 foram duas vitórias, dois empates e duas derrotas, somando oito pontos.
Com Zago, o time acumula apenas uma vitória, dois empates e três derrotas, além de uma assustadora proximidade com a zona de rebaixamento. Até por isso, o treinador entende o protesto por parte do torcedor.
– O que a gente espera é que quando a fase mudar eles também venham aplaudir a equipe, como já aconteceu em outras vezes. O torcedor tem o direito de se manifestar do jeito que ele bem entende. Foi uma manifestação pacífica, sem violência, então estão no direito deles – disse Zago, que minimizou os primeiros gritos de protesto contra ele pouco mais de um ano da conquista do acesso à Série B:
– Nós temos que viver e conviver com isso. Essa é minha segunda passagem pelo clube. Bem diferente da primeira, onde o Juventude praticamente se encontrava à beira do abismo. O que só não aconteceu graças aos profissionais que aqui trabalhavam e eu me incluo. Mas o torcedor às vezes acaba esquecendo tudo aquilo que aconteceu. Importante é continuar trabalhando de cabeça erguida e dando tranquilidade aos jogadores.
Na sua primeira passagem no comando do Ju, Zago não teve a chance de disputar um clássico. Agora, o Ca-Ju chegou no momento de pressão, mas pode servir de retomada.
– É um divisor de águas. Em caso de vitória nos dá mais confiança ainda para os próximos jogos. Ca-Ju tem que ter todo ano. Esse ano o Juventude não se encontra em um bom momento dentro do Campeonato Gaúcho, no próximo ano pode ser o Caxias. O que espero é que as duas equipes possam se manter na Série A do Gauchão, que o Caxias consiga seus objetivos nas séries que tem pela frente. Isso faz engrandecer a cidade e o futebol gaúcho.
Zago sabe da importância do jogo desta segunda-feira, e o Juventude precisa do resultado. Os três pontos contra o Caxias colocam o time de volta ao G-8. A primeira vitória fora de casa no ano pode significar a paz que o time e o treinador buscam para a sequência da temporada. Vale muito este Ca-Ju.