Eduardo Vargas, 24 anos, tem o amor pelo Caxias como uma herança do seu avô, torcedor grená desde os tempos de Flamengo. Dudu teve o sentimento despertado em 2000. Nem mesmo a amiotrofia muscular espinhal tipo dois o atrapalhou de seguir essa paixão e de buscar seus sonhos – estuda direito e é estagiário na Defensoria Pública de Caxias.
Ele recorda como foi o primeiro encontro com o estádio, o qual chama de segunda casa:
– Quando vim ver o primeiro jogo, o Caxias estava perdendo por 2 a 0 e buscou o empate. Foi amor à primeira vista. Nunca mais deixei de vir para o Centenário. Me deu uma razão de viver aquela garra dos jogadores em campo.
O Caxias e o Centenário passaram a ser um impulso na vida de Dudu. Os momentos eram difíceis quando houve o encontro das paixões.
– Estava em uma depressão tremenda. E vir para o Centenário me deu vida nova. Quando comecei a torcer pelo Caxias, achei que ganharia um time, mas ganhei uma família. É onde sempre quero estar.
Agarrado ao Bepe, presente que ganhou da ex-vereadora e ex-presidente do Caxias Geni Peteffi, um dos grandes símbolos da história grená, Dudu recorda a primeira vez em que entrou no gramado do Centenário:
– Foi logo no primeiro jogo. Entrei em campo no colo do Sadi (goleiro grená no início da década de 2000). Depois daquele jogo, o ex-presidente Nelson D’Arrigo falou com minha mãe que o Centenário sempre estaria de portas abertas para mim.
Brincalhão com os amigos, o grená reclama das pessoas que vivem ao seu entorno quando colocam alguma coisa na cor verde. E foi contra o Juventude, a melhor lembrança que Dudu tem do Caxias.
– No Ca-Ju de 2010, que rebaixamos o Juventude. Empatar aos 50 minutos do segundo tempo foi sensacional. A torcida estava com aquele mesmo amor que eu lembrava do primeiro jogo. Não tinha jogo perdido.
Sentimento compartilhado de casa, a ida ao Centenário é sempre com a companhia da mãe, Rosa Vargas, e da prima Patrícia.
– É maravilhoso ver que um clube da cidade onde ele nasceu o traz tanta alegria, tanta vontade de viver. Sempre foi muito difícil a vida dele, todo mundo sabe disso. Mas ver ele feliz, cantando nas arquibancadas, é incrível. Onde der para ver o jogo, ele vai. Isso não tem dinheiro no mundo que pague. Ver a alegria dele estampada nesse bordô, azul e branco do Caxias – diz, emocionada, a mãe de Eduardo.
Em um momento onde cada vez mais os torcedores colocam empecilhos para irem ao estádio, Dudu demonstra que a paixão pelo Caxias não tem barreiras.
– Vejo no Caxias o mesmo sentimento de luta que eu levo para minha vida. É difícil para mim, mas não é impossível. Tudo que faço pelo Caxias é por amor. Para mim, tirar uma cadeira de rodas do carro ou desafiar um degrau, é o mínimo que posso fazer. Quem me dá a garra, a inspiração de viver é esse time.
Uma fronteira rompida entre o que é o amor pelo time e o que pode se conhecer por limite. A relação de Dudu com o Caxias é apenas um empurrão para seguir enfrentando os desafios, dentro e fora de campo.
– O dia que tem jogo é um dia feliz. Se hoje tenho uma vida normal e não desisti é graças ao Caxias. Se fosse resumir em uma frase, o Caxias é a minha vida.