São 45 anos de apoio ao cinema comemorados num ano em que justamente as iniciativas culturais têm sido os alvos mais visados num cenário onde "crise" é termo que não sai de cena. Pois o Festival de Cinema de Gramado celebra aniversário ciente de sua importância histórica no mercado audiovisual latino e, melhor ainda, olhando para frente em busca de modernização. Prova disso são novidades anunciadas em coletiva ocorrida em Porto Alegre, ontem. Uma delas é a exibição do primeiro filme original Netflix produzido no Brasil: O Matador, de Marcelo Galvão.
Esse diálogo com as novas possibilidades do mercado cinematográfico se entrelaça com a ideia do festival em reforçar a internacionalização. Em 2017, comemoram-se 25 anos desde que o festival abriu-se para o cinema latino-americano. Aliás, a programação supera a edição 2016 e traz 10 países representados na competição.
– Por estarmos em uma edição festiva, apostamos em reforçar a ideia da internacionalização. Sempre que for possível, necessário e interessante, embarcaremos nessa proposta, que tem se revelado uma vocação de Gramado e da indústria cinematográfica – enfatizou o curador Marcos Santuario, integrante do trio da curadoria formado ainda por Rubens Ewald Filho e Eva Piwowarski.
Outra prova dessa aposta é a escolha do Canadá como país convidado de honra do festival, uma iniciativa inédita que levará a Gramado seminários, workshops, etc.
O festival, que ocorre de 17 a 26 de agosto, também anunciou os filmes selecionados (veja abaixo) e os homenageados. Este ano, a atriz Dira Paes foi a escolhida para receber o Oscarito e Antônio Pitanga para receber o Troféu Cidade de Gramado. Já o kikito de cristal será entregue à atriz argentina Soledad Villamil (mais conhecida pela atuação no pop O Segredo dos Seus Olhos). O troféu Eduardo Abelin vai para o animador Otto Guerra, como divulgado previamente.
O filme de abertura do festival será João, o Maestro, cinebiografia que traz Alexandre Nero na pele do pianista e ídolo brasileiro João Carlos Martins.
Caxias lá
A produção caxiense na programação do festival é o curta Kátharsis, de Mirela Kruel. O filme foi selecionado para o Prêmio Assembleia Legislativa de curtas gaúchos. A diretora não é caxiense, mas foi convidada por um time de artistas da cidade para trabalhar no roteiro escrito por Marco Souto e Tiago Cecconello. A produção é de Moreno De Franceschi.
– Foram 17 horas consecutivas de gravação, não tinha grana nenhuma envolvida, todo mundo participou na parceria – contou Mirela, sobre as gravações que ocorreram na Sala de Teatro do Ordovás.
O curta é estrelado por Bruno Krieger e Fernanda Petit. A história acompanha uma atriz que entra no teatro abatida, com amnésia e é desafiada e encenar trechos de tragédia.
– Para dar esse peso, fiz a escolha de filmar em preto e branco – conta a diretora.
A primeira exibição será em Gramado.
Confira a lista
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
A Fera na Selva (RJ), de Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel
As Duas Irenes (SP), de Fábio Meira
Bio (RS), de Carlos Gerbase
Como Nossos Pais (SP), de Laís Bodanzky
O Matador (PE), de Marcelo Galvão
Não Devore Meu Coração! (RJ), de Felipe Bragança
Pela Janela (Brasil/Argentina), de Caroline Leone
LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS
Los Niños (Chile/Colômbia/Holanda/França), de Maite Alberdiz Pinamar (Argentina), de Federico Godfrid
El Sereno (Uruguai), de Oscar Estévez & Joaquín Mauad
Sinfonía para Ana (Argentina), de Virna Molina e Ernesto Ardito
El Sonido de las Cosas (Costa Rica), de Ariel Escalante
La Ultima Tarde (Peru), de Joel Calero
X500 (Colômbia/Canadá/México), de Juan Andrés Arango
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
#feique (RJ), de Alexandre Mandarino
A Gis (SP), de Thiago Carvalhaes
Cabelo Bom (RJ), de Swahili Vidal
Caminho dos Gigantes (SP), de Alois Di Leo
Mãe dos Monstros (RS), de Julia Zanin de Paula
Médico de Monstro (SP), de Gustavo Teixeira
O Espírito do Bosque (SP), de Carla Saavedra Brychcy
O Quebra-cabeça de Sara (RJ), de Allan Ribeiro
O Violeiro Fantasma (GO), de Wesley Rodrigues
Objeto/Sujeito (SP), de Bruno Autran
Postergados (SP), de Carolina Markowicz
Sal (SP), de Diego Freitas
Tailor (RJ), de Calí dos Anjos
Telentrega (RS), de Roberto Burd