A inadimplência entre os consumidores caxienses chegou ao ponto mais alto dos últimos anos. No primeiro quadrimestre de 2017, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (CDL) calcula em 10,8% o índice de pessoas com pendências financeiras. Apenas em abril, 76,3 mil indivíduos na cidade tinham o CPF na base de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O número, que equivale a quase um terço da população economicamente ativa local, é o maior que já se teve.
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– Estamos observando um aumento no nível de inadimplência decorrente da redução do nível de emprego e renda durante a crise – justifica o assessor de economia e estatística da CDL Caxias, Mosár Ness.
Conforme a recessão foi se intensificando, mais a inadimplência se expandiu. No primeiro quadrimestre de 2015, o índice era de 1,8%. No mesmo período do ano seguinte, chegou a 7,3% e, neste ano, ultrapassou a casa dos 10%. Os números foram calculados pela entidade com base no estoque de dívida do comércio.
Nos primeiros quatro meses de 2017, 32.009 caxienses ingressaram no SPC, 2% a mais do que no mesmo período do ano anterior. O reflexo mais forte, no entanto, é visto no valor total das dívidas acumuladas, que avançou 21%. Foi de R$ 13,9 milhões, em 2016, e está em R$ 17 milhões atualmente. Por outro lado, o cancelamento de registros no sistema também teve leve expansão. No quadrimestre inicial deste ano, 19.990 caxienses quitaram R$ 9,5 milhões em dívidas.
Diante desse cenário, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul (Sindilojas), Sadi Donazzolo. acredita que se chegou ao ápice da inadimplência. Para ele, a partir de agora, há a perspectiva de que os indicadores voltem a se normalizar. Isso passaria, na visão de Donazzolo, pela diminuição do desemprego.
– A inadimplência tende a se estabilizar. O consumo esteve no auge, e muita gente gastou mais do que podia. O consumidor com prestações de longo prazo foi quem se complicou mais. Com a economia dando sinais de melhora, as dívidas tendem a diminuir – aposta.
Aumentam as consultas ao SPC
Durante a recessão, o número de caxienses que vão até a sede do SPC para verificar sua situação cresceu. De acordo com os atendentes do serviço, estão sendo realizadas de 2,5 mil a 2,7 mil consultas por mês. Em anos anteriores, faziam-se de 2 mil a 2,2 mil a cada 30 dias.
Nem sempre o CPF da pessoa está comprometido, mas a preocupação entre a população se intensificou com a crise. A confeiteira Mila Negrini que o diga. Com dificuldades para quitar a conta do cartão de crédito, tem feito o pagamento mínimo da fatura e, por isso, dirigiu-se ao SPC para saber se estava inadimplente. O alívio veio quando verificou que seu nome não consta na lista de devedores.
– Ainda bem que estou liberada. Nunca enfrentei um momento tão difícil, nunca tive tanta dificuldade para pagar as contas como agora – diz Mila, que atua como autônoma.
Se levadas em consideração todas as pesquisas feitas por pessoas físicas e lojistas junto ao SPC, há 55,3 mil ocorrências em abril de 2017. Esse índice é 5% maior do que em abril de 2016, mas 12% inferior ao de março deste ano, quando se realizaram 63,4 mil pesquisas.