Um dos grandes vilões do Juventude em 2017 não é nenhum jogador. É a má preparação física, desde o planejamento equivocado com folgas excessivas em meio à pré-temporada até a troca de três profissionais em três meses. Após a saída do preparador Carlos Pacheco, que foi levado para o Inter em dezembro a convite de Antônio Carlos Zago, passaram pelo clube Rodrigo Squinalli, que saiu para trabalhar no futebol sul-coreano, e Diego Almeida, demitido com o treinador Paulo César Parente. No dia 23 de março, chegou Anselmo Sbragia, o terceiro preparador físico do Ju no ano. Encontrou um time desgastado fisicamente e cheio de lesões.
– Por questão de ética, não vou comentar sobre os trabalhos anteriores. O que posso dizer é que o estado físico do time não é nada bom. Peguei atletas com problemas musculares, lesões recorrentes, e isso é ruim porque não posso aumentar a carga para ter um processo evolutivo. Tenho que trabalhar com a carga mínima para não sobrecarregá-los. Nesta semana inteira de trabalho, deu para amenizar a situação, mas não teremos diferença visível no Ca-Ju. Para a Série B, sim, aí teremos tempo para recuperar e buscar um patamar físico bem diferente – comenta Sbragia, no clube há 15 dias.
Planejamento equivocado
A primeira parte da pré-temporada alviverde começou em 5 de dezembro e foi até o dia 21 do mesmo mês. Nesse meio tempo, Zago foi anunciado como novo técnico do Inter no dia 12 e levou junto o preparador físico Carlos Pacheco e o auxiliar Galeano. O planejamento do Ju teve os primeiros trabalhos de 3 a 21 de dezembro, depois 12 dias de folga (de 22/12 a 3/1), uma segunda fase de preparação de 3 a 10 de janeiro, em Caxias do Sul, uma terceira de 11 a 21 de janeiro, em Bento Gonçalves, e mais uma semana de treinos no Alfredo Jaconi até a estreia no Gauchão, dia 29, contra o Brasil-Pel.
– Quando trocam o treinador e sua comissão, os novos não seguem o planejamento dos anteriores. O Gilmar não está usando o planejamento do PC. Saímos no dia 14 e no dia 15 estávamos no Inter. Não tínhamos como fazer esse planejamento – explica o preparador físico Carlos Pacheco, que no ano passado deixou o time bem condicionado para o acesso à Série B.
A comissão técnica de PC Parente assumiu no dia 12 de dezembro e manteve o calendário estipulado pelo grupo anterior, mas com nova filosofia de treinos e talvez sem o mesmo conhecimento sobre a reação de cada atleta. O resultado foi catastrófico: 14 jogadores com lesão ou problemas musculares.
– Avisei que tinha a proposta da Coreia do Sul desde o início e, quando veio a confirmação, disse que se fosse prejudicar muito o planejamento do clube não sairia. Mas eles entenderam a oportunidade – lembra Rodrigo Squinalli, explicando a saída com menos de um mês.
O meia Wallacer teve estiramento no músculo posterior da coxa na estreia, o meia Felipe Lima sofreu a mesma lesão na terceira e depois vieram lesões em sequência (quadro ao lado).
– Essa culpa tem que ser dividida. Não podem achar que é só minha, que a culpa é do treinador, que a culpa é da direção. Houve erro de planejamento, houve muitas trocas no comando que interferiram na questão da metodologia de trabalho, houve uma sucessão de erros. Quando eu assumi a preparação, a programação já tinha sido feita. Assumo a minha parcela de culpa e assumo até o momento que eu saí. Se continuaram as lesões, não se pode colocar tudo na minha conta – justifica o preparador físico Diego Almeida.
As lesões musculares de 2017
Wallacer - músculo posterior
Felipe Lima - músculo posterior
Bruno Collaço - músculo posterior
Micael - músculo posterior
Murilo Silva - músculo adutor
Tadeu - músculo adutor
Vidal - músculo posterior
Sananduva - dor no púbis
Fahel - músculo posterior
Bruninho - contusão na coxa
Taiberson - lesão a se confirmar
Vinícius - músculo posterior
Pará - desconforto muscular no treino de quarta-feira
Caprini - desconforto muscular no treino de quarta, mas liberado