O principal foco da nova gestão da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Caxias do Sul (Smel) é descentralizar os projetos da prefeitura e aumentar o número de atendimentos. A ideia é aproximá-los dos bairros e favorecer as crianças que participam do Educando Campeões, por exemplo. Além disso, Márcia Rohr da Cruz, nova titular da pasta, já definiu prazos e metas a serem batidas neste primeiro ano.
– Até o fim do primeiro semestre queremos 15% de aumento nos atendimentos e 30% até o fim do ano. Acho que é bem viável e racional – considera a secretária.
Marcia tem 37 anos e é natural de Pirapó, cidade próxima à divisa com a Argentina. Ela chegou em Caxias do Sul há 19 anos. Sua formação é extensa, com licenciatura plena em Educação Física, além de ser bacharel, mestre, doutora e pós-doutora em Administração. Foi presidente do Conselho Municipal de Desporto (CMD) até agosto de 2016.
Ao longo de 40 minutos de entrevista, a secretária falou sobre o Fiesporte, esportes de alto rendimento em Caxias, relação com a dupla Ca-Ju, corte de gastos, o que ela pretende alterar na secretaria, os projetos e sobre o transporte das crianças. E justamente esses projetos, que são de responsabilidade da secretaria, causaram o primeiro desconforto. Boatos que eles seriam encerrados incomodaram Marcia.
– É uma pena que todo ano, quando muda o governo ou as pessoas responsáveis pelas pastas, vem à tona essas palavras: “vão acabar com isso ou com aquilo”. Em nenhum momento foi falado isso. São apenas boatos. Nenhum dos programas vai terminar – garante ela.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Primeira medida
– Nossa primeira ação, que já falei com a equipe: temos 61 Academias da Melhor Idade (Amei) e finalizamos o ano de 2016 sem nenhuma delas ter atendimento especializado. Você já ouviu falar em posto de saúde que possa ser aberto sem um enfermeiro e um médico? Uma escola sem professores? Não consigo entender o por quê as Ameis estarem lá sem os profissionais de Educação Física.
Mudanças na secretaria
– Hoje, as atividades, como o Educando Campeões, são realizadas em alguns locais definidos pela última administração. No tempo dos Núcleos de Atendimento Comunitário (Nac) eram nos bairros. Então, vamos dividir a cidade em seis regiões de atendimento – o plano diretor tem 15, mas o nosso será de apenas seis, em um primeiro momento. Quem é do Desvio Rizzo terá atividades do projeto no bairro. Quem é de Forqueta terá atividades em Forqueta. Se não houver locais públicos para atividades, vamos procurar parcerias com entidades privadas também.O único programa que se mantém desde o tempo dos Nacs é o Conviver (voltado aos idosos), com a estrutura praticamente igual. Vamos modificar um pouco este programa. Queremos otimizar o tempo para que mais pessoas o utilizem. Hoje, são 90 minutos de atividades com pessoas da terceira idade e temos fila de espera. Vamos dividir em 45 minutos cada uma. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 30 minutos de atividades físicas é o ideal. Além disso, as turmas têm atividades uma vez por semana, o que a OMS diz ser perigoso. Vamos fazer duas por semana.
Transporte
– Em principio não visualizamos a necessidade de termos transporte. O Educando Campões será nos bairros. O que temos hoje é muito fácil de ser administrado e a criança precisa ter tempo para estudar. Esse deslocamento, no entender da nossa equipe, é muito longo. Há ônibus que andava pela cidade com três pessoas. Um ônibus para 30 pessoas, mas que nunca esteve com 30. Se eu economizar com o transporte posso colocar tatame em todas as regiões que estamos pensando em desmembrar Caxias. Quero deixar claro que, se precisarmos de transporte, vamos ter transporte. Mas tentaremos não ter, porque nos pareceu que ele não era aproveitado como a população gostaria que fosse.
Fiesporte
– A verba é de R$ 3,5 mi e é uma lei. Um percentual da arrecadação da prefeitura é destinado ao Fiesporte. O intuito dele é atender o que o poder público não atende. Tenho a intenção que a gente possa atender muito mais do que hoje. Não estou dizendo que, com isso, vamos matar o Fiesporte. Não. No entanto, acredito que o poder público pode atender mais do que apenas essa lacuna transferida ao Fiesporte. O programa continua da forma como está. É legislação.
Bolsa-Atleta
– Quando eu estava no CMD, colegas defendiam o bolsa-atleta. Eu nunca estudei muito bem essa situação no âmbito municipal. Eu gosto muito da ideia no âmbito federal e estadual. Municipal eu não tenho nenhum problema em dizer que preciso me apropriar melhor disso. O Governo Federal tem tanta verba... E as pessoas não sabem o dinheiro que tem disponível para tudo no país. Acredito muito que poderemos dar suporte para as pessoas buscarem o incentivo federal. Depois que esgotar esse, analisaremos o estadual. Quando esgotar todas as esferas, vamos ver o municipal.
Apoio à dupla Ca-Ju
– Tenho que avaliar. Eu acompanho o Juventude e o Caxias como profissional. Ainda não recebi nenhum tipo de contato. Não gostaria de dar minha opinião como pessoa física sobre isso. Gostaria de aguardar os clubes nos procurarem e não vejo problemas. Afinal, eles são contribuintes da cidade e todos necessitam ser ouvidos e entendidos. Se for interesse do município, por que não?