O esporte sempre apresenta grandes histórias por trás das conquistas. No futebol, é comum que pequenos clubes montem um bom grupo de jogadores, sem muito investimento, e sagram-se campeões. São essas histórias que atraem os amantes da modalidade. Este roteiro se repete na Copa União de Clubes 2016, tradicional torneio amador de Caxias do Sul.
O Esporte Clube Diamantino decidirá sua primeira final masculina em 27 anos que disputa o torneio. O jogo é neste domingo, às 16h30min, contra o Juvenil, de São Bráz. E como está invicto no torneio, terá a vantagem de atuar no seu campo, em Nossa Senhora das Graças. Um alívio para quem vive o dia a dia do clube há várias décadas.
– Eu sempre ouvi muito: quando é que o Diamantino vai fazer um time para chegar? Respondia que nós não tínhamos condições, mas um dia iríamos montar esse time – lembra Gilberto Visoná, atual presidente do clube.
E a seca só não é maior devido aos títulos que o clube ganhou na categoria feminino. Foram três. O último em 2014, quando a craque Renatinha Adamatti, que hoje atua no futsal italiano, defendia as cores alviverdes no campo.
Mas o ano de 2016 mudou o cenário. O Diamantino montou o sonhado time para chegar na final. E chegou lá com uma campanha irretocável. Além disso, terá a oportunidade de levantar a primeira taça justamente dentro da sua casa. Semana de nervosismo para quem trabalhou muito esperando este dia.
– Faz uma semana que eu não durmo de preocupação. Eu gostaria muito de ser campeão – relata Gilmar Carbonera, o vice-presidente do clube.
Outra vez, o futebol pode premiar quem tanto sonhou com o título. O jogo é tão importante para a comunidade, que até um árbitro foi contratado. Márcio Chagas apitará a decisão da história do Diamantino e de Nossa Senhora das Graças.
Darci Lorandi e sua família trabalharam muito para manter o clube no passado
Para manter e viabilizar financeiramente os clubes amadores, as comunidades promovem festas, almoços e rifas. Seu Darci Lorandi, de 84 anos, e sua esposa Catarina, de 83, organizaram muitas dessas festas e rifas, ao longo dos mais de 30 anos que estiveram à frente do Diamantino. Até um porco já foi rifado para ajudar o time.
– Um dia fizeram um baita de um torneio, que dava até medo de tanta gente que tinha lá. Foi o primeiro torneio com uns seis times. Eu tinha feito oito tortas e cinco rifas de galeto. Quando foi três horas, já tinha vendido tudo. Veio um homem, de um time lá do São Ciro, e pediu: como não tinha mais nada para comprar? Então, eu fui num vizinho, pedi se ele não tinha alguma coisa para rifar. Ele nos deu uma porquinha. Tu vê o que eu fazia por causa do futebol. Peguei um caderno e fiz 100 números, e vendemos todos – conta Catarina.
E estas formas de sustentar o clube se mantêm até hoje. Para arrecadar cerca de R$ 30 mil anuais, a direção promove rifas e apenas um baile por ano. A complementação vem do bar, que fica ao lado do campo e só funciona em dia de jogos, e desembolso dos próprios dirigentes. O baile ainda gera discussão, já que a paróquia disponibiliza apenas uma data para o clube. A direção queria mais datas, mas o padre não permite.