Campeão do mundo como fixo da seleção brasileira de futsal em 1992, Serginho Schiochet, 55 anos, catarinense de Concórdia, mas que adotou Caxias do Sul como a sua "segunda cidade", conforme ele próprio, tem pela frente o maior desafio da carreira, agora como treinador do Brasil: levar o país ao oitavo título mundial.
A Seleção estreia neste domingo na Copa do Mundo da Colômbia. A partida contra a Ucrânia será às 20h (horário de Brasília).
– A expectativa é fazer o possível e o impossível para retornar com mais uma conquista – ressalta Serginho.
A missão não será fácil. Em um ciclo conturbado nos últimos quatro anos, a preparação não foi a ideal. Somente após a troca na administração da Confederação Brasileira, em 2014, é que Serginho pôde iniciar a preparação. O fato também trouxe a perda de patrocinadores e redução nos investimentos.
O ala Falcão segue como o referencial técnico e a grande estrela da seleção. A preparação foi realizada em Frederico Beltrão (PR) e, no único amistoso antes da estreia, o time goleou Ilhas Salomão por 18 a 0. A delegação brasileira já está em Bucaramanga, local da estreia, desde quarta-feira. Na primeira fase o Brasil ainda enfrenta Austrália e Moçambique.
Serginho tem forte ligação com a Serra. Ele jogou em Caxias na época de Enxuta, Vasco e iniciou como treinador na UCS. Há alguns dias, ele esteve em Antônio Prado palestrando para 400 crianças. E conversou com o Pioneiro:
Os favoritos ao título
– Teoricamente sempre se fala nas seleções de maior tradição, como Brasil, Irã, Espanha, Rússia, Cazaquistão e Argentina, que vem numa evolução muito grande. Essa primeira fase não é o problema, mas depois teremos que ter regularidade na reta final de competição.
Falcão
– Ele segue, mesmo sabendo que não tem mais o mesmo fôlego, sendo um jogador diferenciado. E, dentro de um planejamento tático, os minutos que ele participa na quadra se tornam fundamentais para a equipe. Ele vem numa preparação um pouco diferente esse ano. É um jogador com o qual contamos muito dentro do grupo.
O sucessor do ídolo
– O Falcão ainda se mantém como grande referência do futsal mundial. O Brasil não despontou um jogador que pudesse investir ou dizer: "esse é o grande jogador que, a curto prazo, será a referência". Está se trabalhando, vejo que há uma nova geração boa no Brasil, disputando a Liga Nacional. A Confederação sabe que precisa fazer um trabalho rápido de renovação.
Problemas com a Confederação
– Na verdade, quando eu fui convidado a assumir a seleção, no início de 2014, era um momento de turbulência. Os principais jogadores não queriam voltar para a seleção por problemas da administração. Minha missão era montar uma comissão e trazer esses jogadores de volta. Em um primeiro momento conseguimos, mas administrativamente não se via uma mudança. Aí optamos por todos saírem, porque tinham nos passado que iria existir essa transparência de administração. Retornamos, no fim de 2014, com esse novo sistema de trabalho e gestão. Neste período existe uma transparência, um objetivo de fortalecer novamente a modalidade. Só que esse objetivo esbarra na parte financeira, já que se perderam todos os patrocínios por esses problemas antigos.
O futsal gaúcho
– Eu sempre comento: a minha segunda cidade é Caxias. Foi onde criamos uma identificação muito grande na época de Enxuta, UCS e Vasco. Primeiro, uma avaliação de Caxias: não entra na cabeça que um polo desses não tenha futsal em nível nacional. Está começando um trabalho devagar, que é com o Juventude. Já o futsal gaúcho atravessa um momento difícil, assim como os outros Estados também. O futsal passa por um momento difícil, até em função do momento do país. O campeonato gaúcho sempre foi uma referência de organização e qualidade. Esperamos que, a curto prazo, retome essa condição. Acho que a Liga hoje é um campeonato excelente, uma das melhores do mundo.
Futsal nas Olimpíadas
– Questionamos muito isso. Em 1992, participei do Mundial, em Hong Kong, na China, no qual fomos campeões. Numa reunião da Fifa com as confederações informaram que na outra Olimpíada, a de 1996, o futsal entraria como esporte demonstração. Estamos em 2016 e nada. A modalidade paga muito por isso, porque ele entraria dentro de um sistema de organização do COI. Passaria a ser um esporte profissional. Mesmo que hoje haja muitas pessoas vivendo do futsal, legalmente ele ainda é amador.