Caxias do Sul estará representada na Paralimpíada do Rio de Janeiro, que tem nesta quarta-feira a cerimônia de abertura. O técnico caxiense Tiago Frank quer levar a seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas masculina a um resultado inédito nos Jogos. Quem sabe, brigar por uma medalha. Motivos não faltam para acreditar.
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Conheça a história do caxiense Tiago Frank
Seleção de basquete em cadeira de rodas conquista Sul-Americano
Desde que o treinador de 33 anos assumiu o time brasileiro, em setembro do ano passado, os resultados foram animadores. A última fase da preparação começou em 20 de agosto, na Andef, em Niterói. Foram 11 dias de treinamentos e amistosos. Em três testes contra a Espanha, quarta colocada no Mundial 2014 e quinta nos Jogos Paralímpicos de Londres, duas vitórias e uma derrota. Um saldo positivo.
– O grupo respondeu bem. Conseguimos ajustar alguns detalhes e ver essa realidade de jogar contra um time que tem uma qualidade diferente, de imposição física – explica Frank.
Antes, sob o comando do treinador, a seleção conquistou o tetra no Sul-Americano deste ano, venceu três de quatro amistosos contra a Alemanha, medalha de bronze no Campeonato Europeu, e repetiu o feito contra o Canadá, atual campeão paralímpico.
– A grande evolução da equipe é o fortalecimento do conjunto, do jogo coletivo. Claro que explorando os talentos que existem dentro do time, mas atrelado sempre ao grupo. Esperamos romper a barreira das quartas de final, que seria algo inédito. É o grande objetivo. Há um equilíbrio muito grande entre diversas seleções e é difícil traçar um prognóstico do que pode acontecer – destaca o caxiense.
A seleção entrou na Vila Olímpica no último dia 31, venceu outro amistoso, desta vez contra o Japão, no último final de semana, e estreia nos Jogos nesta quinta, contra os Estados Unidos, bronze em Londres.
O Brasil está no Grupo B, que ainda tem Irã, Grã-Bretanha, Argélia e Alemanha. O melhor resultado do país em Jogos Paralímpicos foi em Pequim 2008, com a nona colocação.
Tiago Frank acompanhou a Olimpíada como espectador, das arquibancadas, e agora vive o grande momento da carreira como treinador. O caxiense tenta encontrar as palavras para definir o que significa ser protagonista de uma Paralimpíada como comandante da seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas.
– Representa muito aprendizado, uma relação de troca que desperta reflexões por vivenciar um espaço tão importante, que respeita essa diversidade, seja cultural pela diversas nacionalidades presentes, mas também pelo respeito às diferenças. Circulando aqui, o sentimento é de que é possível um mundo que não se tenha tanto preconceito – explica o treinador.
A ligação de Frank com o esporte paralímpico é antiga. Graduado pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), foi técnico da equipe de basquete do Cidef durante seis temporadas, conseguindo quatro acessos até levar o time à elite nacional. Além disso, atua no setor de Paradesporto e Lazer Inclusivo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL). Por toda essa experiência, espera que os Jogos do Rio tragam uma consciência diferente para o país.
– Talvez esse seja um dos grandes legados dos Jogos Paralímpicos. Aproveitar essa competição gigante para desmistificar o que existe de enfoque com relação às pessoas com alguma deficiência, que sirva para romper algumas barreiras atitudinais e que elas possam ser vistas pelas suas potencialidades e não apenas pelas dificuldades – afirma o técnico caxiense.