Tão famoso quanto o técnico caxiense Tite, o time do Carrossel é uma atração à parte nas peladas em Caxias do Sul há mais de 20 anos. Normalmente nas terças-feiras, o irmão e os amigos de Adenor Leonardo Bachi batem uma bolinha na quadra sintética do Centro de Esportes e Lazer Tite, ou simplesmente Celte, em Ana Rech. O técnico da Seleção e o filho Matheus Bachi têm cadeira cativa entre os titulares da equipe. É só aparecerem que jogam. Depois das partidas, aparecem as estrelas do carteado, da corneta e os comentaristas de futebol. São eles que avaliam o início de Tite no comando do Brasil nas Eliminatórias.
– Equador e Colômbia eram dois adversários muito difíceis. Acredito que o meu irmão conseguiu passar boas ideias porque já dá para notar um padrão de jogo na equipe. O Brasil está recuperando a forma de jogar, com triangulações, compactação e tudo isso foi acima do esperado pela nossa família. A gente estava com o lado emocional muito forte, receoso com esses dois jogos, mas graças a Deus ele conseguiu as vitórias. Foi muito importante para o trabalho do meu irmão, saiu do sexto para o segundo lugar. Dá muita confiança. Estamos orgulhosos – diz o irmão Miro Bachi, 50 anos, administrador da quadra e um dos fundadores do Carrossel.
Outro fundador é Joel Cornelli, 49, ex-técnico do Caxias. Empolgado com a estreia do colega de profissão, Cornelli não tem dúvida que ainda vem muita coisa boa por aí:
– Essa convocação foi específica para esses dois jogos, e agora ele vai ter mais respaldo para convocar quem quiser. Em pouco tempo, ele conseguiu colocar as ideias com o poder da palavra. E os jogadores compreenderam a mensagem. Tenho certeza que a Seleção vai jogar cada vez mais. O Tite tem uma forma de jogar, mas ele vai respeitar a tradição brasileira e a qualidade dos nossos jogadores. Podemos esperar um futebol ainda mais vistoso.
Entre os mais experientes e também precursores do Carrossel, estão o goleador Álvaro Mentta, 51, e o médio apoiador Daltro Castilhos Rodrigues, 50. Os dois vão além e não medem limites para a Seleção Brasileira do amigo Tite.
– A equipe jogou com posse de bola, com toques rápidos, me lembrou a Espanha antes e durante a Copa do Mundo de 2010. Vai dar gosto de ver o Brasil jogar daqui para a frente – afirma Álvaro.
Daltro já está de olho em 2018:
– Não tenho dúvida de que qualquer brasileiro está orgulhoso de torcer para a Seleção agora. O Tite tem tudo para dar certo, o Brasil vai classificar e chegar à Copa da Rússia como favorito.
Todos estão confiantes como quando Tite joga no Carrossel.
– Quando ele vem, não tem moleza. Ele incorpora o treinador dentro de quadra, às vezes dá esporro, apela e a gente obedece direitinho. Teve uma vez que ganhamos do time do Dunga por 5 a 4 em Porto Alegre, em 2001, e o Tite falou assim: "essa ganhamos no xadrez" – revela o camisa 9 Álvaro.
O sonho oculto deles é trocar o nome do time no futuro. Só vão esperar como a Seleção Brasileira de Tite ficará conhecida na história para então substituir a homenagem dada por eles à grande Holanda de 1974.