Há quatro anos, Sarah Menezes dorme e acorda com a medalha de ouro. Desde que saiu de Londres como a melhor judoca na categoria ligeiro, carrega a sua maior conquista para todos os lugares em que vai competir ou simplesmente fazer um período de treinos. Neste sábado, ela busca aumentar sua coleção de amuletos. Sarah enfrentará a vencedora do confronto entre a romena Monica Ungureanu e belga Charline Van Snick. A tendência é de que seu combate seja no início da tarde.
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A medalha virou mais do que amuleto. Serve para a piauiense de 26 anos mirar sua meta a todo o instante. E treinar sabendo que virou a rival a ser batida neste ciclo olímpico que deságua neste sábado, na Arena Carioca 2, uma das arenas trigêmeas do Parque Olímpico. Sarah entra na segunda rodada. Com uma vitória, já estará nas quartas de final.
Depois de um ciclo com altos e baixos, em que inclusive ficou fora do Pan e do Troféu Brasil em 2015, e acabou até retirada do Grand Slam de Baku, Sarah chega fortalecida para buscar o bi olímpico. Em 2015, ela fez dois períodos de treinos na Sogipa – em abril e junho. Há quem aposte que foi ali a retomada.
O fato é que Sarah chega para esta Olimpíada com a confiança renovada. Agrega a isso a tranquilidade e o alto poder de concentração que compõem o seu perfil. O maior desafio nesta reta final é algo comum a todos os lutadores, manter-se no peso. No caso de Sarah, é preciso cravar 48kg em seu 1m55cm. Até a pesagem, marcada para as 20h desta sexta-feira, tudo que consumia era controlado.
A balança não será problema, garante o staff da judoca. Mas ela não vê hora de chegar o momento da janta. É quando poderá sair um pouco da dieta. Mas não muito. O limite para aumento de peso é de 5% - no caso dela, 2,4 kg. No dia da luta, são sorteados quatro atletas por categoria para nova pesagem.
Nas últimas semanas em Mangaratiba, refúgio da equipe de judô a uma hora e meia do Rio, Sarah e os lutadores ganharam a sombra de uma nutricionista. No caso dela, seu anjo da guarda era Gisele Lemos, que cuidava do prato e, principalmente, do copo. Há rigor com o peso, mas que isso não reflita na hidratação. Tudo para chegar forte e pronta para suar por mais um ouro.
O quimono japonês de Kitadai
Para o judoca, o quimono está como a chuteira para um jogador de futebol. É preciso estar confortável, ajustado ao corpo e amaciado. O que Felipe Kitadai usará neste sábado na Arena Carioca 2 veio do Japão.
Há cerca de três meses, a Mizuno, patrocinadora da seleção brasileira, mandou um japonês atravessar o mundo para tirar as medidas dos atletas classificados para a Olimpíada. Kitadai treinava na Sogipa quando o japonês entrou no ginásio com fita métrica á mão para moldar o quimono que talvez seja o mais importante da carreira do paulista de 27 anos – completados no último dia 29. Como era preciso amaciá-lo, o judoca o usou nos treinos em Mangaratiba e deixou-o pronto para buscar outra medalha na categoria ligeiro (até 60kg).
Bronze em Londres, Kitadai vem de uma prata no Pan de Toronto. Assim como Sarah, ele entra na segunda rodada neste sábado, na Arena Carioca 2. Enfrentará o vencedor do confronto entre o palestino Simon Yacoub e o francês Walide Kyhar. A tendência é de que o adversário seja Kyhar, atual campeão europeu e que venceu Kitadai no único confronto entre eles.
Sorteio favorável
Técnico de Felipe Kitadai na Sogipa, Antônio Carlos Pereira, o Kiko, ficou contente com o sorteio para os brasileiros que pisam no tatame neste sábado. São quatro chaves, e Sarah e Kitadai caíram naquela menos complicada.
– Dentro das dificuldades, eles pegaram os grupos menos complicados – analisa Kiko.
Técnico da seleção sub-18 e estatístico da seleção de judô na Olimpíada, Douglas Potrich, compartilha da opinião de Kiko. Para ele, Kitadai tem boas chances contra o francês Walide Kyhar, provável adversário na estreia. Seu estilo de luta encaixa com o do rival.
– Quanto à Sarah, creio que pegou boa chave e está em ascensão. Ela lida bem com a pessão, vai tirar de letra o fato de atuar em casa e defendendo o ouro – aposta Potrich, que também é técnico da Kiai Associação Canoense de Judô.
Quase gaúcha, mas por Guiné Bissau
Taciana Lima é pernambucana de nascimento, mas cresceu na Sogipa e em Porto Alegre. Neste sábado, porém, ela estará no tatame por Guiné Bissau. Lutará na categoria ligeiro – a mesma de Sarah Menezes. Taciana, 32 anos, é filha de mãe pernambucana e pai nascido em Guiné Bissau. Os dois se conheceram quando ele veio fazer pós-graduação no Brasil. Do relacionamento, nasceu Taciana. Atual décima do ranking mundial, ela entrará direto nas oitavas. Será uma dos cinco representantes do país africano e ex-colônia de Portugal na Olimpiada.