O caxiense Wellington Uega tem um cartel invejável como lutador profissional: 26 vitória e nenhuma derrota. É campeão mundial de kickboxing de 2015, campeão brasileiro de 2016, título conquistado em 28 de maio, e está classificado para o Pan-Americando do México, em outubro. Mas, antes do torneio continental, ele vai estrear no evento mais importante da luta em pé: o Glory World Series (GWS), dia 13 de agosto, realizado pela primeira vez no Brasil.
– É o evento onde está a nata da nata. Só tem campeão mundial, lutador classe A. Assim como todo atleta, eu sempre tive o sonho de lutar num evento desses – ressalta Uega.
Mas até chegar no maior evento de kickboxing do mundo, foram muitos anos dedicados ao esporte. Cerca de 20 treinando e há 10 lutando por vários lugares do Brasil, América Latina e Europa.
– Esse evento vem para coroar o trabalho de uma vida. Quando eu ganhei o mundial na Argentina foi muito importante. Agora, vou para um evento onde o que menos corre, voa. É o UFC da luta em pé – destaca Uega.
Mesmo sendo campeão mundial da categoria até 70kg, Uega teve que correr muito para entrar no GWS. Em dezembro de 2015, ele participou de um seminário com o mestre Júlio Borges, dono da filial brasileira da acadêmia Hemmers Gym, responsável por captar talentos para o Glory.
Após este contato, Uega foi convidado para treinar em Curitiba, na academia, entre janeiro e fevereiro, em um último processo para avaliação do seu potencial. No mês de março, Uega assinou o contrato. Porém, com um detalhe: categoria 77kg, sete a mais que ele disputava.
– A estrutura física é diferente, muda todo treinamento. E, quando você é um cara tarimbado, com meu cartel de 26 vitórias e nenhuma derrota, não há aquela chance de chegar num evento e te darem um adversário mais ou menos. Eles vão me dar um cara forte – afirma.
Até por isso, Uega vem buscando lutas com o peso 77kg. Ganhou o campeonato brasileiro na categoria 81kg. No dia 2 de julho, ele participa do WGP, maior evento de kickboxing da América Latina, na categoria 77. Desafios para chegar no dia 13 de agosto na melhor forma e estrear com o pé direito diante dos melhores do mundo.
– Se eu lutasse de graça nesse evento, eu estaria satisfeito. Tem luz, telão, entre outras coisas. Imagina, para uma pessoa normal que até esses dias trabalhava numa metalúrgica – vislumbra.
Reconhecimento pela simplicidade
Logo no primeiro contato, já se percebe a simplicidade de Uega. Com tantos títulos na carreira, ele não deixa isso subir para cabeça e segue trabalhando com seriedade.
– Se você é um cara como todo mundo, o pessoal se identifica. Por isso, o pessoal me intitula de campeão do povo. É uma coisa que eu gosto para caramba. O pessoal passa aqui e me diz “tu que é o Uega, prazer tá falando contigo.” Cara, eu sou uma pessoa normal que nem qualquer um – diz o lutador caxiense.
Além disso, Uega já ajudou a tirar muitas pessoas das ruas, dando aulas de graça para jovens em situação de vulnerabilidade social.