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Entre o título da Divisão de Acesso com o Veranópolis, em 1993, e a conquista do Gauchão com o Caxias, em 2000, Adenor Bachi se aventurou nas ondas do rádio como comentarista de futebol. Ao longo de todo o ano de 1998, Tite comentou os jogos da dupla Ca-Ju, participava do programa de debate esportivo e fazia um comentário diário na atração noturna da Rádio Caxias.
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A chegada ao rádio foi após uma passagem pelo Juventude sem resultados positivos. Em 1997, comandou o alviverde no Gauchão, já na era Parmalat, mas acabou caindo antes das semifinais e foi demitido do cargo. Fora do mercado da bola, Tite cuidava dos negócios da família em Caxias do Sul.
Ao mesmo tempo, a Rádio Caxias procurava um novo comentarista para o lugar de Ancélio Brustolin. O nome de consenso entre os então diretor da emissora, Jaime Walker, e o coordenador da equipe esportiva, Sinval Paim, foi o de Tite. Em 98, ele iniciava na função. Parecia um novo rumo na carreira, mas para seus companheiros de emissora, foi um passo importante para retomar a carreira na casamata.
– Foi a vitrine para ele ir trabalhar no Caxias. Ele veio para rádio com todo o conhecimento e manifestou isso nos microfones, mas não tinha o encaixe para assumir um clube como o Caxias, que vivia uma situação melhor na época. Depois da passagem pela rádio, ele foi para o Centenário e em 2000 foi campeão – lembra Edgar Vaz, na época repórter esportivo da emissora e hoje presidente da ACEG (Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos).
Plantão esportivo em 1998, Alessandro Valim também comunga da ideia que a Rádio Caxias o levou de volta ao futebol:
– A rádio foi o recomeço para ele, já que não tinha ido bem no Juventude. A emissora achou interessante contratá-lo como comentarista porque ele era identificado com o futebol. Foi o momento para o cara estabilizar em Caxias e apareceu a oportunidade de treinar novamente.
A passagem foi breve: apenas um ano. O mesmo Walker que o tinha contratado como comentarista, era vice-presidente do Caxias e o indicou para ser o treinador em 1999. Tite foi contratado, conquistou o Gauchão de 2000 e foi conquistando títulos em sequência.Em 2014, em meio à expectativa para assumir a Seleção, Tite voltou aos microfones para comentar o Ca-Ju 273 e relembrou a importância do rádio para sua carreira:
– Tudo isso serviu de bagagem para traçar e ter essa caminhada toda que eu tive no futebol – disse no ar.
Técnico caxiense mostrava humildade para aprender com colegas
Nem tudo foi fácil na adaptação como comentarista de rádio. O treinador embarcava em um mundo novo: o dos meios de comunicação. Justamente no mais popular deles, o rádio.
Já formado em educação física, Tite usava um português correto e com muitos termos técnicos, dificultando que fosse compreendido pelos ouvintes. Para se adaptar, foi preciso a ajuda dos colegas.
– Numa viagem para Pelotas, pelo Gauchão, eu disse a ele: Tite, tu tens o dom da palavra. Só que as pessoas não entendem muito o que você diz, por usar termos técnicos e sofisticados. Para o rádio, tem que falar como se estivesse abrindo a janela da tua casa e conversando com o teu vizinho – recorda Edgar Vaz.
Receptivo para a opinião dos colegas, ele também demonstrava uma característica que é a sua marca: a preparação. Assim como tirou o ano de 2014 para se reciclar e estar apto para treinar a Seleção Brasileira, Tite demonstrava esta preocupação e estudava muito para se adaptar à linguagem do rádio.
– Acho que essa foi a característica mais marcante dele, como técnico e aqui na rádio. Sempre foi um cara que se preparou muito para os novos desafios. Mesmo conhecendo muito de futebol, ele questionava os colegas para transmitir melhor a mensagem – lembra o ex-colega Alessandro Valim, hoje diretor da Rádio Caxias.