Chance de alívio pela resistência a um castigo duríssimo. Assim os gaúchos João Franciosi, natural de Casca, mas radicado na Bahia, e Rafael Capoani, de Caxias do Sul, enxergam a sequência de provas que se abre nas três etapas restantes do Rally dos Sertões, a começar pelos 666 quilômetros, com 333 cronometrados, de Palmas (TO) a Minaçu (GO), nesta quinta-feira (1), após encarar cerca de 7 horas de uma das mais longas etapas da história da competição.
A dupla da Dague Paia Rally Team (FMC / Maxum - Case IH / Petronas Syntium / Mitsubishi) cumpriu a prova com o 3º melhor tempo da classificação geral e ampliou a vantagem na liderança da categoria Protótipos T1. Foram 5h33m26s de uma especial suportada em ambiente hostil: nos areiões inclementes do deserto do Jalapão, que engolem o carro e só o devolvem quicando sobre a suspensão, e sob um calor de mais de 50°C no interior do cockpit.
- Olha, estou feliz só por ter chegado. Estou muito debilitado e os adversários sabem disso, então procuraram forçar na prova. Como nós também sabíamos que esta seria a estratégia deles, procuramos forçar mais ainda, para não dar espaço a eles. Foi um desgaste terrível. Mas o importante foi que terminamos e o carro chegou bem - desabafou Franciosi, que antes do rali passou por três cirurgias no joelho e uma infecção generalizada.
O percurso saiu de Palmas (TO) e descreveu um laço no interior do deserto do Jalapão, indo até Lizarda (TO) e passando por São Felix do Tocantins (TO), antes de ingressar em localidades ainda mais remotas e voltar à capital do Estado.
- Foi um dos piores anos que enfrentamos no Jalapão. Estava terrível. Um calor insuportável no interior do carro e muita quebradeira no caminho. Foi uma especial extremamente longa, difícil e de navegação complicada. Mas conseguimos terminar bem - avaliou o navegador Rafael Capoani.
No momento, a dupla gaúcha lidera a categoria PT1 e está a 15 minutos de alcançar o tetracampeão Guilherme Spinelli, com o navegador Youssef Haddad, em segundo lugar na classificação geral. A liderança isolada é do francês Stéphane Peterhansel, 11 vezes campeão do Rally Dakar, ao lado do compatriota Jean-Paul Cottret.