Ao 19º dia do longínquo outubro de 1929, nascia Djalma Losquiavo, filho de um italiano calabrês e de uma brasileira. Daqui do Brasil, herdou o da Silva. Da Itália, o Loschiavo, que aqui, tão brasileiro, acabou tendo a grafia trocada. Quem vê pensa tratar-se de um típico sobrenome caxiense (e veio a ser), mas não era. Djalma nasceu em Porto Alegre.
Era funcionário de uma empresa de seguros na Capital, quando por força do destino veio para Caxias do Sul em 1962. Deixou a Capital com o objetivo de instalar a empresa na cidade. A missão foi cumprida. Apenas, não contava que fosse mudar sua vida por aqui, que viria a fazer parte da história de um clube, do Juventude.
O local escolhido para a filial da seguradora, curiosamente, era próximo ao antigo estádio do clube, a Quinta dos Pinheiros. O convívio era tal que, em 1964, o presidente Zé Davi o convidou para participar da gestão do clube criando um cargo de "5º secretário de alguma coisa". Logo estava completamente envolvido com a direção juventudista, chegando a assumir a presidência em 1968. O então presidente se surpreendeu com a comunidade que envolvia o estádio. Contudo, segundo ele, ela mesma parecia desconhecer sua força:
- Quando assumi fiquei impressionado de como o Juventude não sabia da torça que tinha. A torcida é muito forte, ajuda muito, mas não vai a campo. Até hoje, não sabe a força que tem.
Numa tentativa de aproximar a torcida dos jogos, ele teve a ideia de comprar uma sede campestre para o Juventude. A intenção era a de construir um estádio. Já havia feito contatos com a mesma construtora do Colosso da Lagoa, do Ypiranga de Erechim, para levantar a nova casa do clube. Porém, por questões políticas e burocráticas, o negócio não pôde ir à frente.
Era uma época difícil para o futebol na cidade. A situação era tão complicada que a escolha de novos gestores ficava comprometida. Era necessário muita coragem para tomar as rédeas de um clube.
- O cara levantava para ir no banheiro e já recebia palmas, estava eleito o novo presidente - brinca Losquiavo, 83 anos.
Foi na gestão Losquiavo que o Ju teve o superataque dos cinco ponteiros, com Juarez, Balzaretti, Ari, Laone e Puccinelli, no mesmo 1968. A campanha foi tão boa que o técnico Daltro Menezes foi contratado no mesmo ano pelo Internacional, onde se tornaria um dos grandes nomes do Brasil. O ex-presidente ocupou diversos cargos no clube, como diretor de futebol inclusive. Atualmente, integra o Conselho Consultivo alviverde.
Hoje um típico caxiense, Djalma Losquiavo é casado, tem cinco filhos e oito netos. Na família, ser juventudista é obrigação. Até admite ter um genro torcedor do Caxias e um neto colorado. Mas é só. Sempre incentiva o genro a pagar a mensalidade de sócio do rival. Losquiavo brinca que ele deve ser o único sócio do time grená.
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100 anos de Juventude
Aos 84 anos, Djalma Losquiavo relembra suas histórias no Juventude
Ex-presidente atuou em diversas áreas do clube ao longo dos anos
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