
Assim como em outros cultivos, a safra do caqui, que começaria em abril, também iniciou mais cedo em Caxias do Sul, o maior produtor da fruta no Estado. Foi o calor excessivo de fevereiro e março combinado com a pouca chuva que fez o fruto amadurecer antes e adiantar a colheita nos cerca de 950 hectares plantados no município.
A Emater de Caxias do Sul estima que em cada hectare a produção seja de, em média, 23 toneladas de caqui. A expectativa, portanto, é de que 21.850 toneladas da fruta sejam colhidas em 2025. Isso representa cerca de 15% a mais que as 19 mil toneladas colhidas no ano passado, quando o excesso de chuva prejudicou a floração e a colheita.
Retirar os frutos da planta antes que o previsto, no entanto, não é um grande problema. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Mauro Tessari, o que ocorre é que a fruta fica um pouco menor, sem o calibre esperado pelo produtor.
— A qualidade é muito boa, a luminosidade deixa o fruto bonito e com um bom acúmulo de açúcar, mas faltou chuva nesses últimos dias para ela engrossar um pouco mais. O clima seco e quente desse verão adiantou diversos outras safras, como a da uva, por exemplo.
O preço tem agradado o produtor que recebe, entre R$3 e R$5 pelo quilo da fruta a depender do seu tamanho.
Colheita invertida

Na propriedade de Ari Scariot, 61 anos, a lógica se inverteu neste ano. A variedade Fuyu, de recheio branco e que em safras anteriores já estaria sendo colhida, ainda não está pronta. Ao contrário da variedade Kyoto, com recheio preto, que amadureceu, está sendo colhida e já é vendida.
A dinâmica, segundo Scariot, é inédita nos quatro hectares de pomares plantados em Caravaggio da 6ª Légua.
O que tem ajudado a retardar o amadurecimento são as aplicações do Progibb 400, um hormônio vegetal que permite que os frutos sejam colhidos de forma escalonada.
— É um produto natural que estabiliza inclusive o crescimento das plantas, não só dos frutos. A safra do caqui é longa, dura até dois meses e como neste ano nunca vi. Dos dez anos que cultivamos é a maior — diz.
A boa safra deste ano, no entanto, já indica que a do ano que vem será diferente:
— No ano passado a planta descansou e produziu, mas pode esperar que no ano que vem não teremos a metade disso. O pé vai cansar e não consegue fazer uma safra igual, todo mundo sabe que onde produz num ano não produz tanto em outro.