Em 2020, antes da pandemia de covid-19 fechar bares e restaurantes, Caxias do Sul contava com 32 CNPJ’s inscritos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para serviços de alimentação voltada a eventos, festas e recepções. Quatro anos depois, o número saltou 193,75%, com a criação de 62 novos cadastros de empresas, totalizando atualmente 94 empreendimentos que oferecem serviços de forma itinerante, ou seja: no local onde o cliente preferir e indicar.
O crescimento deste tipo de atendimento em domicílio é exponencial e contínuo ao longo dos anos. Entre 2021 e 2023, a cidade ganhou, a cada ano, em média 20 novas empresas do ramo. Bom para o cliente, que pode escolher de churrasqueiros a pizzaiolos, montar o próprio menu, negociar valores e ter o atendimento em casa ou salão de festas. Cômodo para quem contrata e trabalhoso para quem precisa se adaptar a diferentes estruturas a cada contrato.
Chef de cozinha e associado do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh), Guilherme Rossetti entende que a pandemia mudou hábitos da população, que talvez se tornou mais caseira, mas, nesse caso, a comodidade de escolher o cardápio e ter em casa o serviço como o de um restaurante é uma tendência, entre outras, que vem crescendo nos últimos anos.
— É uma praticidade de não ter que dividir o salão com outros grupos. Tivemos os food trucks, as hamburguerias gourmets e vi muito isso, de cozinhas itinerantes, em São Paulo, em 2018. A pandemia não foi uma válvula de mudança para esse tipo de serviço ter se tornado mais popular, é uma onda, assim como outras que tivemos, que fez surgirem mais profissionais que oferecem esse tipo de serviço.
À frente da Domus Cozinha desde março de 2020, Rossetti tem público já fidelizado para oferecer cardápios montados ao próprio gosto do cliente com entradas, pratos principais e, conforme o desejo, até churrasco. O recorde até hoje foram os 89 eventos entregues em 2023.
— A cada 10 eventos, seis são para clientes já fidelizados. Tanto particulares, corporativos e em casas de eventos. É um retorno positivo para um planejamento criado durante o período de pandemia que ficamos com atendimento reduzido. Nos dedicamos muito ao pré-evento, para, quando chegar na hora, entregar o objetivo. O dia mais fácil vai ser o dia do evento — diz.
Antes da refeição efetivamente poder chegar à mesa, o profissional que se propõe a prestar esse tipo de serviço tem muito a pensar. Do atendimento ao marketing, das compras à contratação de freelancers. No caso da Domus Cozinha, são contratados garçons e auxiliares de cozinha a depender da quantidade de pessoas a serem servidas. Quanto à prospecção de clientes, essa tem ficado por conta das referências dadas por quem provou e gostou.
Hobby que virou profissão
Foi recebendo amigos em casa que Adriano Santini descobriu uma nova profissão. Entusiasta da gastronomia e fascinado pela fermentação natural da pizza napolitana, Santini aperfeiçoou o que fazia por hobby de tal forma que começou a ser recomendado por amigos.
— Sempre fui o cara da família que puxou os encontros, eu amo cozinhar e reunir pessoas. Quando criei a Pizza do Santini, criei com esse objetivo. Eu meio que fui jogado neste meio, não foi direcionado, fiz para amigos que começaram a pedir e eu me obriguei a me profissionalizar — conta.
Cursos feitos, era hora de se equipar. O investimento em um forno profissional fez o produto, segundo Santini, atingir um nível muito superior e digno de ser oferecido também para clientes e não só para amigos:
— Se equipar faz toda a diferença. Eu não poderia servir com a qualidade que sirvo hoje utilizando os fornos que os clientes têm em casa. Hoje trabalhamos com quatro, cada um atende a uma demanda.
Os orçamentos para ter uma pizzaria na própria casa variam conforme a quantidade de pessoas e sabores de pizza escolhidos. Com capacidade para atender de seis a 70 pessoas, Santini prepara as massas antes, com até 48 horas de antecedência, por conta da fermentação adequada, e contrata os garçons para o serviço. Esticar e montar as pizzas é com ele:
— Grupos até 30 pessoas são meus favoritos. É diferente de reunir uma turma e a pizza chegar pronta, faço tudo na hora e em frente ao cliente. Se adaptar não é problema quando se está equipado, e o maior desafio é manter a qualidade. Temos valores de produtos que oscilam muito e eu não posso oscilar tanto meu preço de venda. Sobreviver no mercado é desafiador e o gratificante é que me torno amigo de todos os clientes depois do evento.
Inscrito desde 2022 para exercer atividade econômica de serviços de alimentação para eventos, Santini segue o recomendado pelo Segh, para ser fiscalizado da mesma forma que um restaurante, por exemplo.
Com o aumento da oferta, a orientação do Segh se estende também aos consumidores que, antes de contratar um serviço, estejam atentos às recomendações e inscrição correta nos órgãos reguladores.