A grande quantidade de chuva e o frio menos intenso ano passado impactaram na produção do alho na Serra - uma das culturas mais tradicionais na região. No Rio Grande do Sul, são plantados cerca de 1,2 mil hectares, a maioria na Serra e Campos de Cima da Serra. De acordo com a Associação Gaúcha de Produtores de Alho, com os efeitos do clima, a quebra na safra é de 30%.
Na plantação do produtor Gilmar Molon, em Ipê, o alho fica armazenado em galpões para secar antes de ser vendido. Historicamente, o cultivo no local chegava a 15 toneladas por hectare, mas, nesta safra, deve ser de menos de 10 toneladas por hectare, em média. Molon conta que planta alho há quase 40 anos e que nunca viu um inverno tão chuvoso e sem sol. Dificuldades que deixaram as cabeças menores do que deveriam.
— Um ano bem difícil pra tentar tirar o custo dele, porque o custo de alho bom e alho fraco é o mesmo. Eu não sei como que vamos tirar o custo, que preço que vamos vender, porque é um alho com menos calibre, é mais miúdo, não tinha sol e não deu cabeça, não cresceu.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater, Dalberto Corezzola, o excesso de umidade aumenta o trabalho dos produtores.
— Meses de setembro, outubro, novembro choveu muito. Com o excesso de umidade, o produtor tem que entrar com vários tratamentos e, muitas vezes, principalmente nessa safra, ocorreu muita bacteriose, que é uma doença que, em função da umidade, tem maior ocorrência — explicou.
Se por um lado o consumidor pode pagar mais pelo alho nos próximos meses, por outro, pode ficar mais tranquilo porque o sabor se mantém.
— A gente espera que o mercado recompense um pouco por ter menos no mercado. O sabor é o mesmo, só menos calibre, menos tamanho — garante o agricultor.
Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Alho, Valdir Bueno, com menos alho no mercado, o preço ao consumidor deverá aumentar.
— Nós vamos ter menos oferta de alho no mercado, expectativa é que o preço seja um pouco melhor, pra poder fazer com que seja compensada essa perda que teve no campo na questão da produção — afirmou.