Segundo maior polo metalmecânico do país e na liderança da economia do interior do RS, Caxias do Sul precisa criar um olhar mais sensível e atento ao turismo de negócios. É necessário se interessar verdadeiramente pelas pessoas que chegam à cidade a trabalho e simplificar o acesso delas às oportunidades. Estas foram algumas das provocações deixadas à classe empresarial do município pela gerente de Turismo de Negócios, Eventos e Incentivo da Embratur, Vaniza Schuler, durante a reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), nesta segunda-feira (26) — a palestra contou com a presença das candidatas ao trio de soberanas da Festa da Uva 2024.
Com carreira de 35 anos no setor, Vaniza mencionou que, muitas vezes, não se trata de trazer mais turistas, mas, sim, aproveitar mais as oportunidades dos que já estão na cidade. Ela pontuou a diferença entre o turista que viaja a lazer e aquele voltado às atividades profissionais.
— A diferença é que no lazer você está competindo com o resto do planeta. Já se o turista de negócios identificar que aqui tem uma perspectiva de fechar negócio, não tem competição com mais ninguém (...) Ele vem porque precisa, porque quer. E é o melhor turista, porque se ele está aqui é porque está representando uma empresa. Não é um anônimo. Não vai ficar em qualquer hotel, não vai hesitar em ir para um novo restaurante. Perdemos oportunidades diariamente com turistas de negócios, que têm tempo, têm vontade, têm dinheiro, mas, muitas vezes, após as 18h, não têm o que consumir — avaliou a executiva da Embratur.
Para Vaniza, o perfil de quem faz negócios também se diversificou. Este público, segundo ela, deixou de ser formado apenas por homens engravatados, abrangendo jovens e mulheres, que acabam, por vezes, passando despercebidos nos locais que visitam.
— O turista de negócios e eventos não necessariamente hoje está de terno e gravata. Ele pode estar sentando tomando um café, no banco da praça, e fazendo altas transações. Não desprezem os jovens — aconselhou.
No espectro do turismo de negócios, estão inseridos, por exemplo, reuniões individuais, visitas técnicas, congressos, convenções, seminários, feiras de negócios e agropecuárias.
Os potenciais de Caxias e como avançar no turismo de negócios
Para a executiva da Embratur, Caxias do Sul e a região têm o potencial para se autopromoverem como o berço do turismo industrial do país, basta trabalhar fortemente no posicionamento e gerar entregas e produtos condizentes aos turistas.
— Este lugar está vago, desconheço alguém que tenha se apropriado dele. Agilizem, pois é mérito da região — recomendou Vaniza aos participantes da reunião-almoço da CIC.
Ela ainda evidenciou outros pontos fortes caxienses, como o conhecimento científico, a conectividade aérea e o parque industrial. Contudo, entende que é necessário ampliar a oferta de produtos àqueles que vêm à cidade, além de promover investimentos em marketing e ter um posicionamento voltado ao turismo de negócios.
— O turista tem que ser mais cuidado. As oportunidades têm que ficar mais simples e mais claras para que ele possa adquirir os produtos daqui — acredita a executiva.
E por onde começar? Vaniza recomenda, inicialmente, que exista uma pesquisa para entender o perfil do turista de negócios que chega em Caxias. É necessário compreender, por exemplo, os valores gastos, se existe tempo livre na agenda, a frequência de viagens, além dos interesses deste profissional. Assim, segundo ela, é possível estruturas produtos que façam a convergência do que a demanda quer com o que a oferta dispõe.