O município de Guabiju, na Serra gaúcha, foi reconhecido como a capital nacional da fruta que dá nome ao município: o guabiju, também chamado de "mirtilo brasileiro". A lei foi sancionada pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e publicada na segunda-feira (8) no Diário Oficial da União.
O título se deve à presença abundante de árvores de guabiju na cidade. Conforme o prefeito Diego Vendramin, a fruta não chega a ter participação na economia local, mas faz parte da história da cidade batizada em homenagem à planta.
Com a distinção, a intenção da administração municipal é aproveitar o potencial gastronômico da fruta e explorar as possibilidades que ela oferece, como a produção de geleias e licores.
— Um dia, como os outros municípios que têm a festa da maçã, do pinhão, a gente pode desenvolver em nosso município uma festa local envolvendo o guabiju — planeja o prefeito.
Dos 1.745 habitantes, 70% residem na zona rural. O município, fundado em 1987, fica a 120 quilômetros de Caxias do Sul e a 200 de Porto Alegre. Guabiju já tinha recebido, em 2020, o título de capital estadual do mirtilo brasileiro. O projeto para se tornar capital nacional foi uma iniciativa do deputado federal Covatti Filho. No Senado, teve como relator o senador Paulo Paim.
Características
Além de ser chamado de mirtilo brasileiro, o guabiju é conhecido como guabiroba-açu, guabijueiro, guabira-guaçu, ibariú ou ibaviú. Fruta nativa, tem o tamanho de uma cereja e aspecto similar ao araçá. Embora pareça com o mirtilo, tem cor mais escura: de preto a roxo. O sabor é adocicado e levemente ácido.
— Botanicamente, eles são parecidos, mas a origem é diferente. O blueberry (mirtilo) tem origem nos Estados Unidos e o guabiju é brasileiro — explica o extensionista da Emater de Guabiju, Diego Scherer Bisso.
Cada árvore, dependendo do tamanho, produz em média de 15 a 20 quilos de guabiju. A safra começa na metade de fevereiro e termina em meados de abril. A fruta não é explorada comercialmente, apenas para consumo próprio entre a comunidade. Moradores mais antigos costumam fazer licores com o guabiju.
A Emater planeja pesquisas para desenvolver produtos a partir do mirtilo brasileiro. Conforme Bisso, a Universidade de Caxias do Sul também fará estudos sobre as propriedades e possíveis usos do guabiju.