Quem gosta de sorvete - e não se importa em consumir o produto até mesmo em dias mais frios - terá motivos a mais para procurar pelo produto nesta sexta-feira (23), lembrado como Dia do Sorvete. Uma sorveteria de Caxias do Sul venderá o doce com 35% de desconto, que será aplicado no quilo do bufê. Mais do que uma promoção em um doce tão tradicional em diferentes épocas do ano e que também marca a chegada da primavera, a ação integra uma campanha nacional que busca alertar para a alta incidência de impostos no produto.
Na ponta do lápis, 65% do que o cliente paga no sorvete equivale ao que ele consome e o restante, 35%, é destinado para o pagamento de impostos. Ou seja, a cada três bolas de sorvete, é como se o cliente ficasse com duas e a outra fosse para o poder público.
A ação promocional em Caxias será realizada nas unidades da rede Sorvelândia, que ficam localizadas na BR-116, na Rua Sinimbu e nos shoppings Villagio Caxias e Bourbon San Pelegrino. Com o desconto equivalente ao percentual de imposto que incide sobre o produto, o valor do quilo do sorvete passará de R$ 69,90 para R$ 45,40 apenas na sexta-feira. O desconto não é válido para outros itens, como sorvete expresso e picolé.
A comunicação interna das sorveterias da marca será reforçada para alertar os consumidores sobre a promoção e os motivos que levaram os estabelecimentos a aderirem à campanha nacional.
— Estamos acompanhando essa ação nacional que busca chamar a atenção para a alta carga tributária no país. Acreditamos que, com menos imposto, o consumo aumentará — explica o diretor da Sorvelândia, Teilor Zadra, filho do fundador da marca, que completa 52 anos de operação.
Aumentar o consumo do sorvete no país é uma das bandeiras da Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis (Abrasorvete), entidade criada em 2020 e que realiza, pela primeira vez, uma campanha alusiva ao Dia do Sorvete. Por isso, alertar para a alta carga tributária é uma ação para chamar a atenção e pleitear medidas do poder público que permitam reduzir o tamanho da incidência de impostos no produto. A campanha é semelhante a que é realizada, anualmente, em postos de combustíveis e que acarreta em preço mais baixo ao consumidor no litro da gasolina.
De acordo com o presidente da Abrasorvete, Martin Eckhardt, a meta para os próximos anos é que cada brasileiro consuma entre nove e 10 litros de sorvete por ano - atualmente, varia entre cinco e seis litros, segundo a associação.
— Países vizinhos, como a Argentina, e da América do Norte e da Europa apresentam um consumo maior de sorvete que o do Brasil. São regiões onde o frio predomina mais do aqui. Por isso, achamos que não faz sentido ficarmos atrás, sendo que somos um país tropical — argumenta ele, que é representante de uma marca de sorvetes de Lajeado.
No Rio Grande do Sul, segundo o presidente da Associação Gaúcha das Indústrias de Gelados Comestíveis (Agagel), Gian Lisboa, o setor pleiteia junto ao governo do Estado a eliminação da Substituição Tributária (ST) que incide sobre o sorvete.
Em agosto, o governo estadual extinguiu a ST de mercadorias como lâmpadas elétricas, diodos e aparelhos de iluminação; água mineral; produtos alimentícios; e materiais de limpeza. A expectativa é que, na próxima oportunidade, o produto faça parte do pacote e ajude a deixá-lo mais barato para o consumidor.
Presidente da Agagel há dois anos e proprietário de uma marca de sorvete com quatro décadas de operação em Candelária, Lisboa entende que o produto ganhou mais relevância junto ao consumidor nos últimos anos.
— O setor avançou muito nos últimos anos, incorporando novas práticas e tecnologias. Existem atualmente muito mais versões com redução de gordura, sem lactose, com novos ingredientes que deixaram o sorvete mais saudável. Por isso, entendemos que é necessário incentivo e que fomente o consumo — explica.
