Criatividade, protagonismo, capacidade de trabalhar em grupo e habilidade de planejamento. Essas são algumas das características desenvolvidas pelo projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), do Sebrae, que abrange escolas da Serra. Entre as cidades onde a iniciativa é desenvolvida, estão Caxias do Sul, Nova Prata, Antônio Prado e Flores da Cunha.
Na semana passada, o JEPP começou a ser realizado na escola Caminho do Saber, em Caxias, com a oferta de atividades práticas no contraturno escolar. São abrangidos cerca de 200 alunos do 1º ao 8º ano do Ensino Fundamental, que terão de desenvolver produtos ou serviços. Nas aulas focadas para o 3º ano, por exemplo, os pequenos vão criar brinquedos ecológicos.
Na última sexta-feira (26), materiais dispostos no centro da sala de aula estavam à vista de todos os alunos, que sentados lado a lado, interagiam com a professora na lição sobre meio ambiente e ecologia. Os estudantes, depois, começaram a produzir os brinquedos. No encerramento do projeto, entre final de outubro e início de novembro, será realizada uma feira em que eles poderão vender esses produtos.
— Eles têm de aprender a ter a criatividade, pensar o que a gente vai vender mais – porque agora, eles estão muito no ganhar dinheiro, mas antes de ganhar dinheiro, tem todo esse processo que eles têm de aprender. A questão de aceitar a ideia do colega. Nem sempre é a minha que vai valer, mas a minha junto com a do meu colega, ficou ótimo... Então, a professora vai fazendo essa mediação deles, mas quem vai dar o andamento do projeto são eles — detalha a vice-diretora do Caminho do Saber, Franciele Costella.
A gente trabalha preparando jovens para que tenham propósito de vida, para que tenham um comportamento mais empreendedor, que sejam cidadãos mais preparados
CLARA SALGADO
Gestora de Políticas Públicas do Sebrae Serra Gaúcha
O desenvolvimento do projeto entre o Sebrae e a Caminho do Saber começou com o treinamento dos professores, para que eles compreendessem o método de aplicação.
— Toda a preparação começou com o encontro onde os professores participaram de uma palestra de sensibilização. Depois, os professores foram capacitados de forma online, acessando todo o conteúdo do Sebrae. Depois, tivemos uma oficina onde reunimos todos os professores que foram capacitados para que a gente pudesse esclarecer dúvidas — explica Claudia Betiol, consultora do Sebrae Serra Gaúcha, que acompanhará todo o projeto na escola.
Alunos empolgados
O projeto, recém iniciado na Caminho do Saber, já desperta o interesse e a empolgação dos alunos. Ainda sem renda própria, eles veem na iniciativa uma possibilidade de conseguir dinheiro para realizar pequenos sonhos da infância. É o caso de Lucas Ghinzelli Job, 9 anos, aluno do 3º ano.
— Eu estou bem animado para conseguir um dinheiro para comprar alguma coisa que ajude. Eu pretendo comprar jogos no videogame, um celular e coisas que eu vou usar, como brinquedo, livro — conta.
A coordenadora de contraturno da escola, Viviane Pivetta, confirma que a empolgação das crianças com o JEPP começou já no primeiro contato com o projeto.
— O JEPP veio para dar um brilho a mais no contraturno, uma forma de incentivo também para eles estarem mais felizes. Um projeto em que sejam protagonistas, porque eles vão estar à frente de todo o processo. Eles vieram pedir: e os materiais para a produção do brinquedo, a gente vai pegar na sala de materiais? Não, eles vão ter que bolar alguma estratégia para reunir o valor e conseguir esse material. Os burburinhos desde a entrega do livro já começaram. Então, essa empolgação se gerou desde que eles ficaram sabendo do projeto.
O consultor de negócios Roberto Job, 51, pai de Lucas, também demonstra satisfação com a integração do filho ao JEPP. Para ele, trata-se de uma oportunidade a mais dentro do trabalho já desenvolvido pela escola:
— O projeto acaba sendo um complemento do que a escola trabalha. A escola não tem aquela visão tradicional. E claro, saindo da visão tradicional, a gente tem um diferencial de formar pessoas já preparadas, aquele espírito de liderança, toda aquela formação que hoje não é vista. Esse projeto cai como uma luva para complementar. Esse projeto é um complemento, porque é aquela parte de uma visão empreendedora.
Incentivo ao comportamento empreendedor
Desenvolvido pelo Sebrae, o JEPP alinha a metodologia à necessidade das escolas participantes, oferece capacitação aos professores e, depois, acompanha o desenvolvimento do projeto por meio de uma consultora. Clara Salgado, gestora de Políticas Públicas no Sebrae Serra Gaúcha, explica que a iniciativa é voltada a garantir uma educação empreendedora, em um sentido mais amplo que o de formação de empresários:
— Muitas pessoas podem pensar que a gente está trabalhando para ter mais empresários no futuro. Não é isso. O Sebrae entende o empreendedorismo como um jeito de ser no mundo. A gente trabalha preparando jovens para que tenham propósito de vida, para que tenham um comportamento mais empreendedor, que sejam cidadãos mais preparados.